CONSELHO
INVESTIGARÁ MORTE DE KHADAFI, APÓS PRESSÃO INTERNACIONAL DOS EUA, ONGS E DA
VIÚVA DO EX-LÍDER DA LÍBIA
O governo interino da Líbia anunciou na segunda-feira que
irá iniciar uma investigação sobre as circunstâncias da morte do ex-líder
Muamar Khadafi, morto na última quinta-feira na cidade de Sirte.
"Requisitamos, com base em pedidos vindos do exterior,
que a morte de Kaddafi seja investigada", disse o chefe do Conselho
Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdel Jalil.
Também nesta segunda-feira, o governo líbio proibiu que o
corpo de Kaddafi continuasse a ser exposto para visitação pública em um local
refrigerado da cidade de Misrata.
Imagens de Kaddafi ainda com vida foram registradas por
celulares pouco depois de sua captura. Acredita-se que logo depois ele tenha
morrido em decorrência de ferimentos causados por tiros.
Após a morte do ex-líder líbio, entidades como a Comissão de
Direitos Humanos da ONU, a Anistia Internacional e a ONG Human Rights Watch
pediram investigações sobre suas circunstâncias.
Jalil disse que a maioria dos líbios desejava que Kaddafi
pudesse ser julgado para pagar por seus eventuais crimes.
"Líbios livres desejavam que Kaddafi passasse o máximo
de tempo possível na cadeia. Os que tinham interesse em uma morte rápida eram
os que o apoiavam", afirmou.
O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio,
Mustafa Abdel Jalil, anunciou na segunda-feira a criação de uma comissão de
investigação sobre as controversas circunstâncias da morte do ex-ditador Muamar
Kadhafi.
"Em resposta aos apelos internacionais, começamos a
instaurar uma comissão encarregada de investigar as circunstâncias da morte de
Muamar Kadhafi’, declarou Jalil em uma coletiva de imprensa em Benghazi.
A viúva de Kadhafi (Sofia) e várias organizações internacionais,
entre elas a ONU (apoiada, por sua vez, pelos Estados Unidos), pediram uma
investigação sobre a morte de Kadhafi na quinta-feira em Sirte, após ter sido
capturado vivo.
O ministro da Defesa britânico, Philip Hammond, (foto abaixo) considerou
no domingo que a reputação das novas autoridades líbias ficou ‘um pouco
ofuscada’ pela morte de Kadhafi. ‘Não é uma forma de proceder, não é a maneira pela
qual nós gostaríamos que acontecesse’, acrescentou.
AUTÓPSIA DE
KADDAFI
O médico que realizou no domingo a autópsia do cadáver de
Kadhafi, o doutor Othman El Zentani, declarou que o ex-ditador morreu
‘baleado’, mas negou-se a dar mais informações, indicando que seu relatório
ainda não estava ‘finalizado’.
Abdel Jalil também anunciou a instauração de um governo de
transição ‘dentro de duas semanas’.
"Começamos as discussões (sobre a formação de um
governo) e esta questão não levará um mês, mas terá terminado dentro de duas
semanas’, indicou na coletiva de imprensa.
As novas autoridades líbias proclamaram no domingo a
‘libertação’ da Líbia em uma cerimônia pública realizada em Benghazi (leste).
Segundo o plano anunciado pelo CNT, a formação do governo interino estava
inicialmente prevista para um mês após o anúncio da libertação do país.
Em um prazo de oito meses, no mais tardar, está prevista a
organização de eleições constituintes, seguidas de eleições gerais um ano mais
tarde.
EXECUÇÕES,
SAQUES E OUTROS ABUSOS
Também na segunda-feira,(24), o grupo de defesa dos direitos
humanos com sede em Nova York Human Rights Watch alertou contra
"assassinatos, saques e outros abusos" que teriam sido cometidos por
opositores de Kaddafi.
As declarações foram feitas após a descoberta de 53 corpos
em decomposição, aparentemente simpatizantes de Kaddafi. Muitos pareceram ter
sido executados.O estado de deterioração dos corpos sugere que eles foram
mortos entre os dias 15 e 19 de outubro
O CNT negou envolvimento nos abusos e pediu para que os
líbios não cometam ataques ou vinganças contra opositores.
Ainda nesta segunda-feira, Jalil reformulou declarações
feitas no dia anterior de que a nova Líbia adotará leis baseadas na religião
islâmica.
"Quero assegurar a comunidade internacional de que nós
somos muçulmanos moderados", disse ele.
No domingo, ele disse que a adoção de leis religiosas
acarretaria mudança de algumas regras atuais, citando a proibição da poligamia.
"Minha referência de ontem não significa que aboliremos
qualquer lei e quando falei das leis de casamento, elas foram apenas um
exemplo, já que as regras islâmicas permitem a poligamia apenas após aprovação
específica", disse ele.
A organização não-governamental de defesa de direitos
humanos Human Rights Watch disse nesta segunda-feira que 53 pessoas --
supostamente simpatizantes do regime de Muammar Kaddafi -- teriam sido
executadas em um hotel em Sirte na semana passada.
A Human Rights Watch pediu que o CNT (Conselho Nacional de
Transição), que assumiu o governo da Líbia, conduza uma investigação
"imediata e transparente" do incidente.
"Nós achamos 53 corpos em decomposição, aparentemente
de simpatizantes de Kaddafi, em um hotel abandonado em Sirte, e alguns estavam
com as mãos atadas atrás das suas costas quando foram executados", disse o
diretor de emergências da ONG, Peter Bouckaert.
Os corpos foram achados no domingo no hotel Mahaari, no
distrito 2 de Sirte, cidade que foi alvo de uma ofensiva na semana passada. A
conquista de Sirte pelas forças insurgentes levou à captura e morte de Kaddafi.
Cerca de 20 moradores da cidade foram vistos pela Human
Rights Watch colocando os corpos em sacos e se preparando para enterrá-los,
quando funcionários da ONG chegaram no hotel. Eles disseram ter encontrado os
corpos na sexta-feira, dia em que se encerraram os combates em Sirte.
Quatro corpos foram identificados, segundo a Human Rights
Watch, entre eles o de uma ex-autoridade do governo Khadafi. BBC DO BRASIL
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