GOVERNOS
DA EUROPA ESTÃO REVENDO POLÍTICAS ENERGÉTICAS DEVIDO A NEVE E O FRIO QUE TOMARAM
CONTA DO CONTINENTE: MAIS 600 PESSOAS JÁ MORRERAM VÍTIMAS DA NEVASCA
GENEBRA
- O frio que provocou mais de 600 mortes na Europa nos últimos dez dias obrigou
governos a rever suas políticas energéticas e reabriu disputas diplomáticas
entre países. Berlim decidiu ontem religar oito usinas nucleares, depois de a
chanceler Angela Merkel ter anunciado no ano passado que a Alemanha estava
abandonando a energia atômica.
Sem
a matriz nuclear em total operação, empresas alemãs de energia alertaram que
poderiam ter problemas. Segundo uma das operadoras, a Tennet, as usinas foram
acionadas como prevenção.
A
Alemanha decidiu abandonar a energia nuclear até 2022. Oito das 17 usinas
haviam sido fechadas e as demais seriam desligadas entre 2015 e 2022. A
reativação provisória fez os defensores da energia atômica retomarem o
argumento de que a Europa não tem uma alternativa viável para substituir as
usinas nucleares. Entidades como o Greenpeace consideraram a atitude de Merkel
uma "traição" e um sinal de fraqueza diante do lobby da indústria
nuclear.
O
frio fez o consumo de energia bater recordes em países como França, Espanha e
Suíça. Na Bulgária, mais de 130 cidades ficaram sem energia nesta semana e o
Exército foi escalado para distribuir alimentos. Na Sérvia, mais de 70 mil
pessoas estão isoladas e o governo diz que o preço de energia vai disparar.
Na
bolsa de Londres, o barril de petróleo registrou ontem seu oitavo dia de alta,
a maior sequência em três anos. A tensão no Oriente Médio e a decisão da Europa
de impor sanções ao Irã no setor de energia contribuíram para que diplomatas de
Bruxelas buscassem outros fornecedores.
.
O frio ainda evidenciou mais uma vez a dependência europeia em relação ao gás
da Rússia. No início da semana, a empresa russa Gazprom anunciou que havia
reduzido em um terço o envio de gás para a Europa, já que precisaria atender
sua própria população. A crise chegou até a mesa do primeiro-ministro Vladimir
Putin, que pediu que a Gazprom fizesse o necessário para atender os parceiros
europeus, mas sem aumentar a exportação.
Em
Bruxelas, diplomatas ironizaram as declarações de Putin, que estaria apenas
dando uma demonstração de quanto a Europa é dependente dele. Um dos países mais
afetados tem sido a Itália, que diz ter recebido 12% menos gás da Rússia. A
Organização Meteorológica Mundial alertou ontem que o frio extremo pode
castigar a Europa até o final de fevereiro.
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