PT
COMEMORA 34 ANOS E APROVEITA ANIVERSÁRIO PARA LANÇAR (INFORMALMENTE),A CANDIDATURA DE DILMA A REELEIÇÃO EM 2014
O Partido dos Trabalhadores (PT) vai aproveitar sua festa de 34 anos de fundação, segunda-feira(10), em São Paulo, para lançar
informalmente a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A
oposição também se articula para a disputa de 5 de outubro – em um momento em
que os resultados das urnas parecem mais incertos do que no ano passado.
Dilma, que deve ser oficializada como candidata após a
convenção do partido, em junho, e ainda é a favorita para vencer a eleição.
Segundo a última pesquisa Datafolha, de 30 de novembro, a presidente tem 47%
das intenções de voto e venceria na maioria dos cenários já no primeiro turno.
Mas, se a alta popularidade da presidente até os protestos
de junho do ano passado fazia os petistas sonharem com uma vitória fácil, a
crise de relacionamento com o PMDB, a saída do PSB da base governista e os
riscos de mais manifestações durante a Copa complicaram os planos do partido
para as eleições.
Por sua vez, a oposição ganhou munição com as dificuldades
econômicas – com o governo sendo criticado pela baixa taxa de crescimento do
PIB e pelos gastos elevados -, o recente apagão que afetou 6 milhões de pessoas
em 11 Estados e a prisão de líderes históricos envolvidos no escândalo do
Mensalão.
"O PT é hoje um partido com 12 anos no governo,
desgastado pelo exercício do poder. Estar no governo tem custos. O PT cometeu
muitos erros e, como qualquer partido no governo, tomou muitas medidas
impopulares", comenta o cientista política Octavio Amorim Neto, da
Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
"Estar tanto tempo no governo tem seus custos, mas
também tem benefícios", diz Amorim Neto. "A presidente tem exposição
frequente nos meios de comunicação, tem a máquina. É uma enorme vantagem",
diz.
Um dos homens fortes do governo Dilma, o ministro da
Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu em dezembro, no
entanto, que eleição deve ser "dificílima". "Eu não tenho expectativa,
não (de vitória no primeiro turno). Eu acho que vai ser uma eleição muito
dura", disse.
Desde o retorno à democracia, em 1985, o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) teve assento em todos os governos, de
José Sarney a Dilma Rousseff. Sigla com a presença no maior número de
municípios no país, o partido joga com seu peso para manter espaço na Esplanada
dos Ministérios, com impacto direto nas coligações do PT nos Estados.
Maranhão expõe contradições
partidárias
Flávio Dino, do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), pode
conseguir um feito no Maranhão - trazer para seu palanque Aécio Neves (PSDB),
Eduardo Campos (PSB) e ainda militantes do PT, partido de quem os comunistas
são aliados históricos.
Tudo para derrotar Roseana Sarney (PMDB), representante do
clã que governa o Estado há cinco décadas.
Embora conte com o apoio de parte da militância petista, Flávio
Dino não deve ter suporte oficial do PT, que fecha com os Sarney.
A costura política do Maranhão expõe as contradições entre
as coligações partidárias no plano federal e nos Estados, onde os interesses
locais falam mais altos que as conveniências discutidas em Brasília.
"A relação PT-PMDB nunca esteve tão abalada", diz
a cientista política Maria Teresa Kerbauy, da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), de Araraquara.
"Pode ser que seja jogo de cena, já que o PMDB é um
partido voraz e quer aumentar espaço no governo na atual reforma ministerial.
Mas isso afeta a eleição", diz. Lideranças peemedebistas já deixaram claro
que querem mais um ministério.
O Palácio do Jaburu, às margens do Lago Paranoá em Brasília,
tornou-se o centro das queixas do partido. A residência do vice-presidente
Michel Temer (PMDB) tem sido endereço constante das reuniões da sigla, que
ainda tem o comando da Câmara, com Henrique Alves, e do Senado, com Renan
Calheiros.
Mas se o partido deve manter a aliança com o PT nas eleições
em nível federal, o mesmo não se pode dizer das eleições para governador.
O Rio de Janeiro é o caso mais emblemático. Por lá, o
casamento PT-PMDB chegou ao fim após os petistas lançarem Lindberg Farias ao
Palácio Guanabara, contra a vontade do governador Sérgio Cabral (PMDB), que
prefere ser sucedido por seu vice, Luiz Fernando Pezão.
Eduardo Campos e Marina Silva
Campos, do PSB, e Marina, da Rede Sustentabilidade, se
tornaram aliados em outubro
Analistas já não esperam Cabral trabalhando com entusiasmo
para reeleger Dilma no terceiro maior colégio eleitoral do país. Ainda há
problemas em outros Estados como na Bahia, onde Geddel Vieira Lima (PMDB) deve
se lançar candidato à revelia do atual governador Jaques Wagner (PT).
Em São Paulo, o PMDB pode lançar um candidato próprio, o
presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo
Skaf, enquanto o PT já aposta no ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
"A relação entre PMDB e PT pode piorar no (eventual)
segundo mandato de Dilma. Se o PT eleger menos governadores e se o PMDB eleger
uma maior bancada, o PT vai ficar devedor do PMDB", diz Kerbauy.
PSB e Força evangélica
"Um partido para observar é o PSC (Partido Social
Cristão)". A frase é de David Fleischer, da UnB. O plano do partido é
lançar um candidato evangélico para angariar os votos desse setor do
eleitorado, cada vez mais influente.
No Congresso, o nome mais proeminente do partido e da
bancada evangélica é o do deputado Pastor Marcos Feliciano, conhecido pelas
posições polêmicas em relação aos gays, negros e mulheres.
A bancada evangélica, no entanto, é suprapartidária e
diversa. Se não há consenso sobre assuntos como economia, o crescimento dos
evangélicos na política deve ter impacto na discussão de temas sociais, como o
aborto, a descriminalização das drogas e o casamento entre pessoas de mesmo
sexo.
O tema do aborto já deu o tom na reta final da disputa entre
José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) em 2010.
Para garantir o apoio evangélico, Alexandre Padilha (PT-SP)
já se disse contrário à mudanças na Lei do Aborto. No Rio, Lindberg Farias
(PT), que ficou conhecido por posições mais à esquerda durante sua passagem
pelo Congresso, agora se aproxima de setores evangélicos, de olho no governo
fluminense.
O anúncio-surpresa, em outubro, de uma aliança entre a
ex-senadora Marina Silva (movimento Rede Sustentabilidade) e o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB (Partido Socialista Brasileiro), trouxe um
elemento novo às eleições de 2014.
A aliança ameaça a já tradicional dicotomia entre PT e PSDB
(Partido da Social Democracia Brasileira), que desde 2002 se rivalizam no plano
nacional.
Campos ainda tem menos intenções de voto do que Aécio Neves
(PSDB) - 11% e 19%, respectivamente, na última pesquisa Datafolha. Mas o apoio
de Marina Silva, que obteve quase 20 milhões de votos e terminou em terceiro
lugar na eleição presidencial de 2010, pode embolar a corrida ao Planalto.
"Eu acho que o PSB preocupa principalmente o PT. É com
o PT que o PSB vai dividir votos em São Paulo e também no nordeste, base de
Eduardo Campos", diz Kerbauy. Ela ressalta o potencial do partido, mas
lembra que o PSB ainda não é uma sigla com abrangência nacional.
PSDB e Aécio Neves
Líder da oposição, Aécio 'não falou nada de peso' em três
anos como senador
Já no campo tucano, além do PSB e do favoritismo de Dilma,
há outras preocupações.
"Ouvi que o (ex-presidente) Fernando Henrique está
bastante preocupado com a candidatura do Aécio. Em três anos no Senado, ele não
falou nada de peso. Não deu nenhuma grande diretriz", diz o cientista
político David Fleischer, da Universidade de Brasília.
Amorim Neto, da FGB-Rio afirma que a oposição, tanto PSB
quanto PSDB, tem "problemas de credibilidade".
"Aécio é sem dúvidas um líder da oposição. Mas desde
que assumiu cadeira no Senado ele exerce oposição moderada. É dele a frase 'não
se bate em governo popular'. Somado a todos os erros do PSDB, isso enfraquece
muito a credibilidade do Aécio como real alternativa de poder", diz.
Para os três analistas ouvidos pela BBC Brasil, a batalha
mais importante do tucanato será travada em São Paulo, onde o PT joga todas as
fichas na campanha de Padilha contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que
tenta a reeleição.
Se o PSDB perder a eleição presidencial, mas conseguir
manter o governo de São Paulo, Estado que governa há 20 anos, essa será uma
"grande" perda. Mas se os tucanos perderem o comando do maior colégio
eleitoral do país, o consenso é que será uma perda "trágica", dizem
os analistas.
David Fleischer aposta, no entanto, em outro elemento que
pode desempenhar um papel crucial na campanha e invalidar as previsões dos
analistas.
"A grande explosão pode ocorrer na Copa. Certamente
vamos ter grandes manifestações e esse será o grande assunto das
eleições", disse. BBC DO BRASIL





Nenhum comentário:
Postar um comentário