ABL DECRETA TRÊS DIAS DE LUTO PELA MORTE DE SUASSUNA, O TERCEIRO ACADÊMICO A FALECER, RECENTEMENTE
A
morte do dramaturgo e escritor paraibano, Ariano Suassuna ,na quarta-feira,( 23), foi
lamentada em nota pelo presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo
Holanda Cavalcanti. Suassuna foi eleito
para a cadeira 32 da ABL em 1989, assumindo a vaga no ano seguinte.
No
início da noite, após a divulgação do falecimento, o diretor da ABL determinou
luto oficial de três dias na instituição.
-À
multidão de seus amigos, leitores e admiradores no Brasil e no mundo, nossa solidariedade pela imensa
perda", afirmou Geraldo Holanda Cavalcanti. A bandeira da entidade fica a
meio mastro em honra ao ocupante da cadeira 32, que integrava a academia desde
1990.
No
texto em que relembra a memória de Suassuna, Geraldo Holanda lamenta outras
perdas recentes de membros da ABL, tais
como Rubem Alves e João Ubaldo Ribeiro, ambos
falecidos na última semana.
-No
espaço de um mês, é o terceiro grande acadêmico que parte, disse o presidente.
Em nome da Academia Brasileira de Letras, Cavalcanti disse ainda que "Ariano reunia em sua pessoa as
extraordinárias qualidades de homem de letras e de intelectual no melhor
sentido da palavra".
O
trabalho do escritor paraibano pela valorização de características
culturais do Nordeste nas obras eruditas também foi elogiado por Geraldo
Holanda Cavalcanti.
-Não
podemos esquecer seu engajamento com o Movimento Armorial, através do qual buscava revigorar a identidade nordestina,
especificamente a pernambucana e suas peregrinações levando, com humor, sua
mensagem por todo o Brasil, disse o presidente da ABL
SUASSUNA ESCREVIA SEUS ROMANCES A MÃO
Eis
sua explicação para isto ao escrever seu último livro:
-Sobre o romance, não tenho
muita liberdade para falar, não. Jornalista
de fazer pergunta, e o meu natural é responder, mas a minha editora ficou
preocupada porque fui espalhando coisas, e cada jornal botou um pedacinho. Ela
disse: 'daqui a pouco quando sair o romance já perdeu a novidade toda'.
Mas
eu posso lhe dizer o que tenho dito: sempre fui meio preocupado, porque escrevo
três gêneros literários, poesia, teatro e romance. Sou conhecido como
dramaturgo (acho que mais por causa do 'Auto da Compadecida' na televisão),
menos como romancista, e como poeta sou inteiramente desconhecido. Tem gente
que nem sabe que escrevo poesia .
Então nesse livro estou tentando colocar meu teatro, meu romance e minha poesia. Agora, é um livro trabalhoso, porque escrevo à mão e eu mesmo ilustro. Todas as páginas são ilustradas. Hoje mesmo eu passei a manhã trabalhando nele.“
Então nesse livro estou tentando colocar meu teatro, meu romance e minha poesia. Agora, é um livro trabalhoso, porque escrevo à mão e eu mesmo ilustro. Todas as páginas são ilustradas. Hoje mesmo eu passei a manhã trabalhando nele.“
QUEM OCUPARA A CADEIRA 32 DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS?
PONTO DE VISTA DO EDITOR
Não estaria na hora de se “perdoar” o ensaísta e
critico literário Assis Brasil e resgatar ainda em vida, o romancista de obras
consagradas como Beira Rio, Beira Vida; A Filha do Meio Quilo; O Salto do
Cavalo Cobridor, Pacamão ,(Tetralogia Piauiense) ; Os que Bebem como os Cães, As Aventuras do Gavião Vaqueiro e mais
recente, A Cura Pela Vida?
Assis Brasil viveu muitos anos no Rio de Janeiro e se
consagrou como critico literário do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. No Rio também lecionou jornalismo na Escola de Comunicação da UFRJ, militando na imprensa carioca de então, como copy-desk.
Além dos romances
premiados pelo Walmap de Literatura, publicou uma serie de ensaios sobre Willian Faulkner, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Adonias Filho, Rubens Fonseca, João Cabral de Melo Neto , Manoel Bandeira , Carlos Drummond de Andrade , entre outros.
Assis Brasil já foi indicado duas vezes para
uma vaga na ABL e até agora vem sendo "punido" por sua fase de critico e ensaísta
literário, no Rio.
Talvez Assis Brasil não almeje essa distinção
entre os intelectuais, por que é nacionalmente reconhecido por sua vasta obra,
da qual sempre viveu humildemente.
Laureado por seu publico – principalmente em Teresina e Parnaiba, esta a terra natal do escritor. Reside na capital do Piaui e hoje vive da venda de seus livros e de conferencias em universidades, escolas e
empresas.
Sempre teve o apoio de editores nacionais, (grandes e pequenos), e
viveu da venda dos seus livros, sendo um verdadeiro “escritor profissional” – deixando
de lado o aspecto romântico de ser apenas um literato.
Moro atualmente em Fortaleza e há muitos anos não
vejo o velho mestre e professor. Aqui, acolá, nos comunicamos via telefone:
Assis ainda é avesso aos computadores e cria suas histórias na velha maquina de
escrever.
Por isso ouso lançar mais uma vez essa ideia de leva-lo a ABL, para que
se faça justiça, pelo menos uma vez as letras nacionais, tão vilipendiadas em muitos
equívocos , durante e cinquenta anos depois do golpe de 1964.
Sei que, na sua pureza, simplicidade e alegria,
Ariano Suassuna ficaria feliz se Assis Brasil ocupasse a cadeira 32 , para substitui-lo.
NE: A cadeira 32 da Academia
Brasileira de Letras tem como patrono Manoel de Araújo Porto Alegre e Carlos de
Laet, como fundador. Já passaram pela cadeira 32 os
escritores Ramiz Galvão, Viriato Correia, Joracy Camargo, Genolino Amado e
Ariano Suassuna.
ÓRION LIMA – ESCRITOR E EDITOR DO JM
Um comentário:
Li os livros de Assis Brasil e José Alcides Pinto quando pequeno. Nada me acrescentou mais.
Esse é o problema do Brasil, só reconhece a obra depois que o autor morre.
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