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Ano 6 - Edição 2451-

- Março

2016 -

Fortaleza-Ceará-Brasil

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

JM LITERATURA: UM NOVO CONTO DE GABRIEL PONTES E O COMENTÁRIO DE ORION DE XANGÔ

LAROIÊ, EXU É MOJUBÁ!
 ÍNA ÍNA É MOJUBÁ!

Fico feliz, despreocupado, quando vejo meus "rebentos" florescendo, enquanto a velha árvore crescendo ainda, aponta para o infinito e diz quão gratificante foi poder gerar pessoas assim.

 Em nossa religião não maniqueísta, Exu é uma força modeladora, indispensável para a criação dos arquétipos divinos e seus valores.

Tanto isso é verdade que nas lendas africanas , ou  no Panteão afro-brasileiro, o primeiro a ser servido e, devidamente "despachado" é exu, a quem chamam de “ mensageiros dos deuses ou orixás”.

 Mas, na Umbanda raiz ou na Esotérica, esse elemento controvertido e fundamental sofreu e ainda sofre uma serie de discriminações religiosas, por ser sincretizado com o anjo caído da religião católica, (Satã) ou com o (Baphomet),- Bafomê, arquétipo do Pã universal, representado pela imagem de um ser com cabeça, patas dianteiras e pés de bode, com seios de mulher e, em cada braço, respectivamente,  com a inscrição "solve" e "coagula."

Para as mentes perversas e preconceituosas tal arquétipo é demoníaco. 

Na verdade ele só representa as forças antagônicas que o Criador teria usado para unir os elementos da matéria (Ar, Água, Fogo , Terra e Éter - os primordiais -  hoje mais conhecidos como os 92 elementos da Tabela Periódica  que estão em tudo que quimicamente foi criado .

Exu é tão importante na condução dos mistérios da criação, que é conhecido como "Mensageiro dos Orixás", uma espécie de “ligan”, sem o qual a criação não seria como é. 

Mas pegou a má fama oriunda do catolicismo e por isso, até mesmo no TARÔ, é chamado de  O Diabo, sendo o arcano maior que o representa, o  de numero 15.

Em nossos ensinamentos poucos se arriscam a falar em exu, sem uma aura de medo e preconceitos. No Tarô ele representa o mundo físico, o dinheiro, as paixões, o sexo, sendo um dos seus símbolos um enorme "fálus", ou um tridente -(arquétipo mitológico de Prometeu, o deus dos oceanos, na cultura greco-romana).

 Nos cultos afros o tridente é o para raios de Paracelso, herdado do mundo hermético, através do esoterismo. O certo é que pouco se ensina sobre exu aos iniciados de primeiros graus na Umbanda, mas simplesmente, por não se poder ensinar coisas "ocultas", de tanto poder,( como a Lei de Pemba), a um leigo que ainda não é senhor de si mesmo, e muito menos dos outros.

Mas todos conhecem essa frase: "Sem exu não se faz nada!" Assim, todos nós temos o nosso exu, mas o contato com essa entidade controvertida, - comparada com a eletricidade,  pode iluminar e mover centenas de maquinas, e matar, em segundos, se não for usada adequadamente. Por isso  não é dada aos leigos, a não ser na forma de superstição e fetichismo.

Sai de proposito da analise do conto de Gabriel Pontes, para mostrar o potencial de sua mediunidade e do conhecimento "exotérico" (exterior), que ele trouxe nessa encarnação. 

Não se fala do que não se conhece, com a maestria, como descreveu seu Zé Pelintra das Almas, enquanto exu, já que muitos na Quimbanda, o consideram um "caboclo misto", ou "metá-metá", como alguns orixás africanos.

“Zé Pelintra é doutor, bravo senhor”!

Se o caboclo é Zé Pelintra, cabra do chapéu virado, quem mexer com Zé Pelintra ou está doido ou esta danado!"

Sendo assim, seja seu "Zé" ou um Tranca Ruas, o bem ou o mal não existem. Por isso costumam dizer a seus seguidores na Quimbanda (lado reverso da Umbanda):

- O pedido é seu , o trabalho é meu!

Sem ranços e sem preconceitos: Sarava Umbanda! Sarava Quimbanda, todas as giras e cangiras!

Ha mais homem, de carne e osso, agindo como julgam exu,  (mau), do que nossa vã filosofia possa imaginar.Pessoas que não se evangelizaram e que desconhecem o poder do amor e perdão , ensinados pelo Cristo (Oxalá), para nós.

O bem e o mal está dentro de nós e cada médium  atrai seus guias segundo sua matriz, seu coração!

Não importa se ele bebe ou fuma. Os vícios são nossos. Evolua espiritualmente e vera seu exu bebendo água ou não bebendo nada! A não ser que seja necessário para desfazer trabalhos de magia negra (goércia), ou negociando com os que fizeram  o mau.

Assim, a mediunidade de Gabriel Pontes  nos da outro belo conto paranormal, cheio de verdades que não tive ainda tempo de lhe ensinar. Já dá par dormir um pouco mais tranquilo, pois sabemos que voluntariamente, por missão, alguém já nos segue os passos!

Oura coisa: o gênero ou a história que escolhemos para nos expressar não importa. O que importa é a linguagem e nisso Gabriel já mostra a que veio, um “baita” senhor da linguagem literária! 
 ORION DE XANGÔ
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Mojubá
Publicado em 28/10/2014 por gpontes



 Pouco mais das onze da noite a lua grandiosa ocupava quase todo o céu, iluminando as cadeiras e a mesa onde ele estava com sua namorada e um casal de amigos. Bebia o segundo litro de cana que compraram aquela noite, já que fatalmente o primeiro escorregou de seus braços e se encontrou com a mesa de mármore, espatifando o vidro e jorrando bebida para todos os lados.

Se ainda fosse mais supersticioso diria que foi o “santo” pedindo uma dose, embora este tenha levado seu litro inteiro. “Um bebum com um santo alcoólatra!” Falou em tom de chacota para seus colegas que riam e o ajudava a juntar os cacos de vidro.

 A bebida estranhamente parecia água, não tinha mais o cheiro forte de álcool. Justificou a todos o deslize pondo a culpa na ventania que surgiu repentina, embora o local onde estava já o tivesse colocado em algumas situações inusitadas no passado.

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