OBAMA ANUNCIA MEDIDAS PARA
NORMALIZAR RELAÇÕES
DIPLOMÁTICAS ENTRE CUBA E ESTADOS UNIDOS
O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou
mudanças para normalizar as relações entre Estados Unidos e Cuba na
quarta-feira,(17), na Casa Branca, dizendo que é hora de "soltar as
amarras do passado".
Em um discurso na Casa Branca, Obama disse que o degelo nas
relações após um congelamento de cinco décadas está sendo feito depois que ele
determinou que a política "rígida" e ultrapassada não conseguiu ter
um impacto sobre Cuba.
"Hoje estamos fazendo essas mudanças porque é a coisa
certa a fazer. Hoje a América escolhe se soltar das amarras do passado, de modo
a alcançar um futuro melhor, para o povo cubano, para o povo americano, para
todo o nosso hemisfério, e para o mundo", disse ele.
Obama afirmou que a nova política vai tornar mais fácil as
viagens de norte-americanos a Cuba. Ele disse que também irá conversar com
membros do Congresso dos Estados Unidos sobre a suspensão do embargo dos EUA a
Cuba.
O papa Francisco contribuiu para a melhoria nas relações ao
pressionar a libertação do funcionário norte-americano Alan Gross, preso em
Cuba, disse o presidente.
Obama agradeceu ao Canadá pelo papel que desempenhou ao
sediar as negociações entre EUA e Cuba.
O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o
republicano John Boehner, criticou duramente a mudança de política de Obama em
relação a Cuba e a classificou de "mais uma em uma longa linha de
concessões sem sentido" a ditadores brutais.
"As relações com o regime dos Castro não devem ser
revisitadas nem normalizadas até que o povo cubano desfrute de liberdade, e não
um segundo antes", disse Boehner em comunicado.
O senador Marco Rubio afirmou que a Casa Branca ganhou pouco
na mudança da política em relação ao país comunista. "A Casa Branca cedeu
tudo, mas ganhou pouco", disse Rubio, um cubano-americano senador
republicano pela Flórida, a jornalistas em entrevista coletiva.
Rubio disse que vai se opor aos esforços da Casa Branca para
confirmar embaixadores e financiar embaixadas norte-americanas a fim de manter
a pressão sobre o governo dos EUA em relação a Cuba.
"Valentia' de Obama"
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, destacou a
"valentia" do presidente dos Estados Unidos ao anunciar que planeja
normalizar as relações diplomáticas com Cuba depois de décadas de hostilidade
com o governo comunista da ilha.
"(Estou) muito feliz. É preciso reconhecer o gesto do
presidente Barack Obama, um gesto de valentia e necessário na história. Foi
dado um passo, talvez o mais importante de sua presidência", disse o
presidente venezuelano em discurso na Cúpula do Mercosul, no norte da
Argentina.
Venezuela e Estados Unidos têm uma difícil relação desde o
início do governo do falecido presidente Hugo Chávez. O país sul-americano
denunciou por várias ocasiões conspirações de Washington contra seu país.
Troca de prisioneiros
Três agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos em
prisões nos Estados Unidos retornaram a Cuba nesta quarta-feira como parte de
um troca de prisioneiros na qual Cuba libertou um funcionário norte-americano
que ficou 5 anos preso em uma prisão cubana, disse o presidente cubano, Raúl
Castro.
"Gerardo, Ramón e Antonio chegaram em nossa pátria
hoje", afirmou o presidente sobre os três remanescentes dos chamados
"heróis antiterroristas", conhecidos principalmente por seus primeiros
nomes. São Gerardo Hernández, de 49 anos, Ramón Labañino, de 51, e Antonio
Guerrero, de 56.
Raúl Castro disse ter
falado com o presidente dos EUA por telefone na terça-feira antes do anúncio
feito por Obama de que os Estados Unidos mudarão sua política em relação a Cuba
e buscarão normalizar as relações com a ilha, uma adversária de longa data dos
Estados Unidos.
O funcionário de ajuda dos EUA Alan Gross, que tinha passado
cinco anos em uma prisão cubana, foi libertado.
A libertação dos três agentes cubanos provavelmente será
saudada como uma retumbante vitória por Castro, mas ele evitou declarações
triunfais em seu discurso televisionado.
Ele disse que era motivo de "enorme alegria para suas
famílias e todo o nosso povo".
Em um aceno raro para os Estados Unidos depois de quase 56
anos de hostilidades entre os dois países, Raúl Castro elogiou Obama.
"Esta decisão do presidente Obama merece respeito e
reconhecimento pelo nosso povo", disse o presidente cubano.
Papa
Francisco teve papel crucial na
aproximação de Cuba/EUA
O Papa Francisco e o
Vaticano tiveram um papel essencial, na intermediando da aproximação histórica
anunciada na quarta-feira entre Estados Unidos e Cuba.
O Papa fez um apelo pessoal a Barack Obama em uma carta
enviada neste verão (do hemisfério norte) e se comunicou com Raúl Castro em
outra correspondência enviada separadamente a ele. Além disso, o Vaticano
recebeu delegações de ambos os países para concluir a aproximação, explicou a
fonte.
O Papa expressou nesta quarta-feira sua grande satisfação
pela decisão histórica de Cuba e dos Estados Unidos, informou a Santa Sé,
confirmando a mediação pessoal do santo padre.
Em um comunicado, o Vaticano confirmou o envio de duas
cartas ao presidente Raúl Castro e Barack Obama. Também confirmou que o
Vaticano recebeu delegações dos dois países em outubro.
Obama agradeceu à mediação do Papa Francisco durante seu
pronunciamento, no qual anunciou o início de um novo capítulo na relação entre
seu país e Cuba. ( Fonte :Reuters)
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