LIBERDADE DE EXPRESSÃO
NÃO DÁ DIREITO DE INSULTAR A FÉ DO PRÓXIMO, DIZ O PAPA FRANCISCO
MANILA - Em visita a países asiáticos, o Papa Francisco
disse a jornalistas a bordo do avião papal que existem limites à liberdade de
expressão quando as crenças dos demais estão envolvidas. Apesar de condenar
severamente o ataque ao ‘Charlie Hebdo’, em Paris, o pontífice afirmou que o
insulto e o deboche não podem ser naturalizados.
— Matar em nome de Deus é uma aberração, mas a liberdade de
expressão não dá direito de insultar a fé do próximo — disse.
— Acredito que tanto a liberdade religiosa quanto a de
expressão são direitos humanos fundamentais. Todos têm não apenas o direito,
mas a obrigação de dizerem o que pensam pelo bem comum. Podemos fazer isto sem
ofender. Se, meu bom amigo, o doutor (Alberto) Gasparri (assessor que organiza
as viagens papais), xingar minha mãe, pode esperar que levará um soco. É
normal. Mas você não pode provocar, insultar a fé dos outros, fazer zombaria.
Pontífice e jornalistas se dirigiam do Sri Lanka às
Filipinas na viagem, e a questão da intolerância religiosa foi um dos temas
principais na entrevista informal. Ele também falou de questões climáticas, em
vista da Cúpula de Paris, mas o tema predominante foi a religião e seus
conflitos.
— Consideremos nossa própria história. De quantas guerras
religiosas a Igreja Católica participou? Até nós fomos pecadores — disse.
O Papa ainda descartou temer um ataque a sua própria vida.
— Estou nas mãos de Deus — brincou. — Se tenho medo? Vocês
sabem que tenho o defeito de ser descuidado. Se algo acontecer comigo, avisei
ao Senhor apenas que não doa, porque perco a coragem diante da dor. ( Agencia Globo/
O Globo – Assinante)
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