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Ano 6 - Edição 2451-

- Março

2016 -

Fortaleza-Ceará-Brasil

sexta-feira, 13 de março de 2015

COMO AGEM OS GRUPOS ANTI-DILMA NA INTERNET E REDES SOCIAIS:“Depois de ganhar projeção nacional durante eleições, antigovernistas “Vem Pra Rua”, “Revoltados On Lin”e e “MBL “ intensificaram atuação nas redes e nas ruas às vésperas de protesto marcado para domingo. A BBC DO BRASIL, através de matéria assinada por Ricardo Senra – (@ricksenra) em São Paulo mostra o pensamento e as intenções dos grupos anti-Dilma em matéria que transcrevemos na íntegra.

 #SalaSocial: Financiamento, 
remuneração e imagem: a 
estrutura dos grupos anti-Dilma

No Brasil não existe ainda um terceiro turno , mas mesmo assim um punhado de "gatos pingados" quer mudar a regra do jogo democrático,  induzindo através das redes sociais o descontentamento por uma crise que não começou ontem e que tem raízes fincadas na própria história política do país há décadas. Perderam as eleições de 2014 e não se conformam.Através dessa reportagem da BBC do Brasil, que o  JM transcreve,  fica mais fácil entender  a ação desses novos grupos que se  dizem apolíticos mas que estão pedindo  em campanha sistemática através das redes sociais o  impeachment de Dilma Rousseff.

Não é só o trava-línguas: para o líder do MBL (Movimento Brasil Livre), a estratégia de mobilização do MPL (Movimento Passe Livre) é fonte de inspiração.

Mas as semelhanças entre o grupo que liderou as manifestações de junho de 2013 e a articulação que pretende reacendê-las no próximo domingo não vão muito além.

"Em termos de estratégia, nos inspiramos no MPL. Nas redes sociais, sim, pensamos de forma semelhante", diz Kim Kataguri, coordenador nacional do MBL, que defende o livre mercado e o impeachment de Dilma Rousseff. "Ideologicamente, somos opostos. E os protestos deles têm sempre vandalismo."

Procurado, o MPL agradeceu a inspiração do quase xará. "A gente tem uma forma própria de agir e qualquer movimento pode se inspirar", afirma Heudes Oliveira, porta-voz do grupo.


Além dos objetivos políticos distintos, características como modelos de financiamento, remuneração de equipes e investimentos em imagem dão personalidade própria aos movimentos da que irão às ruas neste domingo para manifestações contra o governo.

Depois de ganhar projeção nacional durante as eleições, os antigovernistas Vem Pra Rua, Revoltados On Line e MBL intensificaram sua atuação nas redes e nas ruas às vésperas dos atos.
A seguir, eles dão exemplos à BBC Brasil de suas principais estratégias:

Financiamento

Todos os grupos frisam ser apartidários e não receber dinheiro de partidos ou políticos.
Rogério Chequer, criador do Vem Pra Rua, diz que seu grupo é financiado por "centenas" de "doações espontâneas de pessoas envolvidas na coordenação do movimento", mas não revela seus nomes.

A BBC Brasil teve acesso ao registro do site Vemprarua.org.br (veja imagem ao lado), URL oficial usada pelo movimento nas eleições. O domínio foi comprado pela Fundação Estudar, do empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da cervejaria Ambev, da rede de fast food Burger King e diversos sites de comércio eletrônico.

Registro de site de grupo Vem Pra Rua chegou a pertencer a fundação ligada a empresário Jorge Paulo Lemann, tido como homem mais rico do Brasil

No fim de 2014, o site foi excluído e o Vem Pra Rua mudou de endereço online. Em nota, a Fundação Estudar se disse "apartidária" e atribuiu o caso a uma "iniciativa isolada" de um ex-funcionário.

"A Fundação Estudar esclarece que não detém o registro e não hospeda em seu domínio o site vemprarua.org.br. A associação do nome da Fundação com este site ocorreu erroneamente por uma iniciativa isolada e individual de um colaborador, que já não faz mais parte do quadro da instituição."
MBL e Revoltados On Line afirmam recorrer à contribuição financeira de seguidores e aos próprios bolsos para promover seus atos e divulgá-los nas redes.

Reação nas redes

Os três principais jornais do Brasil - Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo – publicaram em suas capas notícias sobre o panelaço realizado em várias cidades do país durante o primeiro pronunciamento do ano de Dilma Rousseff.

Organizada com antecedência pelos movimentos online, a estratégia rendeu destaque aos protestos marcados para o dia 15, gerando reação imediata dos governistas.

Na primeira batalha entre dilmistas e defensores do impeachment nas redes sociais, a oposição ganhou de virada.

Em 8 de março, dia do discurso da presidente, a hashtag #DilmaDaMulher alcançou 38 mil citações entre 20h30 e 22h, contra 36 mil da oposicionista #VaiaDilma.

O Partido dos Trabalhadores afirmou em sua página na internet ter sido o assunto mais comentado nas redes sociais "um pouco antes do discurso, durante e um pouco depois".

Mas até o fim do dia, segundo a ferramenta Sysomos, o jogo virou e #vaiadilma alcançou 54% das menções (51 mil) contra 46% (44 mil) para #DilmaDaMulher.

Os volumes registrados não medem o conteúdo (positivo ou negativo) associado às hashtags.

Já o 'Revoltados', além de publicar a conta pessoal de seu criador em diversas postagens, aposta em "moda impeachment". Uma camisa polo preta com aplicação da frase "Impeachment já" e faixa presidencial estilizada é oferecida por R$ 99,99. O kit completo – polo, boné e cinco adesivos – custa R$ 175.

A renda gerada é um mistério. "Não tenho esse balanço fechado, eu não fechei ainda", diz Marcello Reis, responsável pelo movimento, que tem entre os alvos a crise na Petrobras. "Não quero tornar isso público. O valor só será divulgado para os associados e não para gente que só quer perturbar."
Kataguri, do MBL, diz à reportagem ter arrecadado R$ 7 mil em doações de seguidores para o protesto do dia 15.

Investimentos e imagem

Na internet, como os defensores da tarifa zero, os grupos anti-PT apostam no maior volume possível de postagens diárias e no bombardeio de convites para "grandes manifestações". Também promovem "aulas públicas" – reuniões em espaços abertos para apresentação de pautas do movimento.

A promoção paga de postagens na internet está entre suas diferenças.

"A gente promove posts no Facebook", diz à reportagem o fundador do Vem Pra Rua. "Não é para ganhar visibilidade, é para direcionar para um 'universo'" – ele não revela quais as características do público-alvo.

Existe base para impeachment de Dilma?

Já o Revoltados On Line, líder em número de seguidores, centraliza sua comunicação em torno de seu criador – que aparece diariamente em vídeos caseiros e selfies com adeptos do movimento.

"Temos uma equipe fixa de 15 pessoas", diz o 'revoltado' Marcello Reis. "Os administradores não têm remuneração. Alguns profissionais, editores de vídeo, fotógrafos, eles são remunerados."

Na internet, Vem Pra Rua e MBL investem em vinhetas profissionais ao fim de seus vídeos, em linguagem, em fotos e em cartazes bem elaborados.
Também contam com a participação voluntária de famosos, como os músicos Paulo Ricardo, do RPM, e Roger, do Ultraje a Rigor. Eles fazem convites para os protestos.

Autor de frases como "Justiça social é outro nome para caridade com dinheiro alheio", o MBL investe em campanhas inusitadas para o engajamento de seus seguidores. Numa delas, convida fãs a enviarem discursos em vídeo.

"O melhor será convidado para discursar do carro de som", anuncia o grupo.

A cartilha dos 'Revoltados' tem linguagem agressiva: defensor do impeachment, o grupo usa recorrentemente termos como "ladra", "vaca", "sapo barbudo" e "cachaceiro" quando se refere a líderes petistas.

O funkeiro carioca Mr Catra foi o famoso escolhido recentemente pelo grupo em um de seus vídeos.
Manifestantes protestam contra o governo no Rio de Janeiro (Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil)
Movimentos de oposição ao governo dizem usar venda de camisetas e doações como fontes de financiamento.

FONTE : Ricardo Senra - @ricksenra
Da BBC Brasil em São Paulo em 13 março 2015

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