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Ano 6 - Edição 2451-

- Março

2016 -

Fortaleza-Ceará-Brasil

quinta-feira, 2 de julho de 2015

REVIRAVOLTA NA CÂMARA COM A PROVAÇÃO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL DE 18 PARA 16 ANOS: Depois da derrota de terça-feira, Eduardo Cunha colocou proposta mais branda em votação Mais uma vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu reverter uma derrota de uma noite para outra, deixando evidente sua força política.

Câmara aprova redução da maioridade penal,  depois de manobra de Cunha que consegue nova virada


Após uma proposta que previa a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes hediondos e outros delitos considerados graves ter sido rejeitada na terça-feira pelos deputados, 

Cunha colocou em votação na noite de quarta-feira uma alternativa um pouco mais branda, que incluía um número menor de crimes, e conseguiu aprovar a medida na madrugada desta quinta.

O episódio foi semelhante ao que ocorreu em maio na votação sobre doações de empresas a campanhas políticas – após o plenário rejeitar repasses para candidatos, foi aprovado o financiamento apenas para partidos.

Em 24 horas, o defensores da redução da maioridade penal conseguiram conquistar mais vinte votos, de partidos como PMDB, PSDB, PSB e PV.



Na madrugada desta quinta-feira, 323 deputados aprovaram a mudança da maioridade penal. Na noite anterior, foram 303 favoráveis, cinco a menos que o mínimo de 308 necessários para alterar a Constituição.

Vários deputados federais se manifestaram a favor da proposta Deputados acusaram Cunha de autoritarismo por colocar tema em votação novamente

No entanto, para que a Constituição seja modificada, é preciso ainda aprovar a matéria em mais uma votação na Câmara, após o mínimo de cinco sessões de intervalo, e duas vezes também no Senado.

Houve grande polêmica sobre se as regras internas da casa permitiriam ou não votar a nova proposta – uma emenda aglutinativa, ou seja, um texto que reunia o teor de outras emendas.

Deputados contrários à votação disseram que não era possível votar tal emenda porque ela não havia sido apresentada na quarta-feira, quando teve início a apreciação do tema.

Diversos deputados contrários à redução disseram que Cunha "não sabe perder" e atacaram a votação desta noite - uma "pedalada regimental", segundo Weverton Rocha (PDT-MA); "estupro do regimento", de acordo com Chico Alencar (PSOL-RJ), "escalada do autoritarismo", na opinião de Glauber Braga (PSB-RJ).

Após a votação, Cunha rebateu as críticas e disse ter certeza de que o procedimento estava correto, já que a votação do tema ainda não tinha sido totalmente concluída.

"Processo legislativo não termina com a primeira votação. Nós estamos absolutamente tranquilos com a decisão tomada. Eu duvido que alguém tenha condições de tecnicamente me contestar uma vírgula", afirmou.

Senado

Para uma PEC ser aprovada, ela precisa ter o texto idêntico, sem nenhum alteração, aprovado na Câmara e no Senado, por 60% dos parlamentares, em dois turnos.

Os parlamentares preveem que será mais difícil aprovar a redução entre os senadores. Há outras propostas em análise no Senado, como, por exemplo, uma apresentada pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que prevê que a aplicação da redução da maioridade penal no caso de alguns crimes graves seria avaliada caso a caso pelo Ministério Público e pelo juiz - ou seja, não seria automática.

"Emenda Constitucional, para poder valer, tem que ter o mesmo texto aprovado nas duas casas. Da mesma forma, se o Senado votar um texto que a Câmara não concorda, não vai valer, e vice-versa. 

Então, vai ter que ter um texto que as duas casas votem. Vai ter que encontrar (um acordo), no ping ou no pong, uma hora vai bater a bola", disse Cunha, ao ser questionado se havia o risco de um "ping-pong" entre as duas casas.

Em meio a essa disputa, o governo e o PT tentam barrar a redução da maioridade. Como alternativa à redução, a administração de Dilma Rousseff passou a apoiar a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) para reformar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), aumentando a punição de jovens criminosos e de adultos que cooptam menores para o crime.

Havia expectativa de que essas questões fossem votadas na quarta-feira, mas os senadores resolveram debater mais o assunto e esperar o resultado da discussão sobre maioridade na Câmara.

Sai tráfico

A proposta votada na Câmara foi apresentada por líderes do PSD, do PHS e do PSC, após acordo costurado por Cunha. A emenda aprovada prevê que poderão ser julgados como adultos jovens a partir de 16 anos acusados de crimes hediondos (estupro, sequestro, latrocínio, homicídio qualificado e outros), homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.

O objetivo foi abarcar apenas atos criminosos mais graves, em que há uso significativo de violência. O novo texto excluiu a redução da maioridade penal no caso de delitos como tráfico de drogas, terrorismo e lesão corporal grave.

Parlamentares que apoiaram a mudança argumentaram que a maioria da população é a favor da redução da maioridade e que ela é necessária para combater a impunidade. Já os que se opunham a ela disseram que a medida não resolverá o problema da violência do país e que deveria se investir em mais oportunidades para os jovens.

 sessão não teve a presença dos manifestantes como na noite anterior. Cunha proibiu a entrada do público nas galerias sob a justificativa de que houve "confusão" na terça–feira.

Mariana Schreiber da BBC Brasil em Brasília

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