Paulinho da Força (SD-SP) |
Arthur Lira (PP-AL) |
Manoel Junior (PMDB-PB) |
Waldir Maranhão (PP-MA) |
Felipe Bornier (PSD-RJ) |
QUEM SÃO OS LÍDERES DA “TROPA DE CHOQUE” QUE BLINDAM EDUARDO CUNHA
NA CÂMARA
Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
conseguiram na quarta-feira (9),o sexto adiamento da votação que decidiria
sobre a possível abertura de um processo que, no limite, pode levar à cassação
de seu mandato.
Desta vez, eles não apenas adiaram a decisão como podem ter
conseguido fazer todo o trâmite regredir à estaca zero com a escolha de um novo
relator para o caso.
EduardoCunha é alvo de uma representação, encabeçada por PSOL e
Rede, que pede sua cassação por corrupção e por ter mentido à CPI da Petrobras
sobre a posse de contas no exterior. O deputado nega as acusações e diz que os
recursos que ele e seus familiares têm na Suíça tem origem lícita.
Apesar das acusações, o peemedebista conserva o apoio de uma
verdadeira "tropa de choque" que lança mão de toda a sorte de
manobras regimentais (recursos previstos no regimento da Câmara) para impedir
que seu líder seja processado. E o fato de seus seguidores ocuparem
postos-chave na Casa, como cargos na Mesa Diretora, potencializa ainda mais o
sucesso dessas tarefas.
Na quarta, (9),o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão
(PP-MA), acatou recurso de Manoel Junior (PMDB-PB), também aliado de Cunha,
para destituir Fausto Pinato (PRB-SP), do cargo de relator do processo contra
ele no Conselho de Ética.
O argumento foi de que o PRB, partido de Pinato, fazia parte
do mesmo bloco do PMDB e, por isso, ele não podia relatar o caso – a proibição,
prevista no regimento, teria por princípio evitar que aliados do acusado
assumissem a função de relator desse tipo de caso.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), havia
denominado Pinato para a relatoria porque o bloco de 13 siglas do qual PMDB e
PRB faziam parte rachou em outubro.
No entanto, diante do parecer contra Cunha, Manoel Júnior
lançou mão do argumento para pedir o afastamento de Pinato.
"Eu, propriamente, e nenhum dos membros da bancada do
PMDB fizemos nenhuma manobra antirregimental. As questões de ordem que
colocamos foram todas pautadas dentro do regimento (da Câmara) e do regulamento
do conselho", argumentou Junior.
Parlamentares anunciaram que recorrerão ao plenário e ao STF
para tentar derrubar a decisão de Maranhão. "Acho que isso é golpe!",
disse Araújo. Enquanto isso, Marcos Rogério (PDT-RO) foi escolhido o novo
relator do caso.
Veja, a seguir, quem são os líderes da "tropa de choque"
que tenta impedir o processo contra Cunha na Câmara e o ajuda em outros casos.
Paulinho da Força
(SD-SP)
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, tem se mostrado
um aguerrido defensor de Cunha. Ele não esconde que o principal motivo da
aproximação é o interesse no impeachment de Dilma Rousseff.
"O nosso negócio é derrubar a Dilma. Nada nos tira
desse rumo", disse ao jornal Folha de S.Paulo em outubro. Na ocasião, o
presidente da Força Sindical também frisou que está com o peemedebista
"para o que der e vier".
Paulinho é líder de seu partido, o Solidariedade, e assumiu
a cadeira que cabia ao partido no Conselho de Ética após a representação contra
Cunha
pós o PSOL liderar o pedido de abertura de processo contra
Cunha, Paulinho apresentou uma representação contra o deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ) no conselho, movimento que foi visto como tentativa de retaliação.
Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou
Paulinho réu de uma ação na qual é acusado de se beneficiar de um esquema que
desviou recursos do BNDES. Na Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa
disse que fez doações ao deputado para obter influência em movimentos sindicais
e evitar greves. Ele nega as acusações.
Manoel Junior
(PMDB-PB)
Outro aliado de Cunha com cadeira no Conselho de Ética,
Manoel Junior tem estado à frente das articulações para retardar a decisão para
abertura do processo.
Formado em Medicina, ele chegou a ser cotado para assumir o
Ministério da Saúde em outubro, numa tentativa do Planalto de conquistar mais
apoios entre os aliados de Cunha. No entanto, as diversas críticas públicas que
o paraibano já havia feito ao governo criaram um obstáculo para sua nomeação.
A vaga acabou ficando com Marcelo Castro (PMDB-PI), que era
próximo a Cunha, mas depois se afastou dele devido a embates na tramitação de
proposta da Reforma Política.
Arthur Lira (PP-AL)
Arthur Lira é presidente da comissão mais importante da
Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele conseguiu o cargo, com
aval de Cunha, após ter o apoiado na eleição para o comando da Câmara.
Caso o Conselho de Ética abra um processo contra o peemedebista
e recomende a cassação do seu mandato, ele ainda poderá recorrer à CCJ antes de
o plenário votar a questão.
Em setembro, a Procuradoria-Geral da República apresentou ao
STF denúncias contra Arthur Lira e seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL).
Ambos, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo da Petrobras,
negam os crimes.
Waldir Maranhão
(PP-MA)
Apesar de ser presidente da Câmara, Cunha não pode decidir
diretamente sobre questões ligadas a ele no Conselho de Ética. No entanto,
essas decisões acabam recaindo sobre outros integrantes da Mesa Diretora da
Casa que são seus aliados, caso de Waldir Maranhão.
Como vice-presidente da Câmara, Maranhão acatou recurso
apresentado por Manoel Júnior para destituir o relator Fausto Pinato. Antes
disso, já havia tomado decisões que resultaram no adiamento de sessões do
Conselho de Ética, que avalia a representação contra Cunha.
Maranhão é um dos 32 integrantes do PP investigados na
operação Lava-Jato. Ele foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como um dos
deputados que recebeu dinheiro por meio da empresa GFD, usada para distribuir
propina a políticos. Maranhão nega as acusações
Felipe Bornier
(PSD-RJ)
Felipe Bornier é outro aliado de Cunha na Mesa Diretora –
ocupa a 2ª Secretaria.
Ele cancelou a primeira sessão que analisaria a abertura do
processo contra Cunha, em 19 de novembro.
Sua decisão, porém, gerou revolta e levou mais de 50
deputados a deixarem o plenário aos gritos de "Fora Cunha" – com
isso, o presidente da Câmara teve de reverter a decisão.
André Moura (PSC-PE)
André Moura foi um dos poucos a se postar ao lado de Cunha
durante a entrevista coletiva que ele convocou, em julho, para rebater as
acusações de que teria recebido US$ 5 milhões em propina desviados da
Petrobras.
Parceiro do peemedebista na defesa de pautas consideradas
conservadoras, foi presidente da comissão que discutiu o projeto de redução da
maioridade penal – proposta que acabou aprovada na Câmara, mas até hoje não foi
apreciada no Senado.
Em agosto, após Paulo Teixeira (PT-SP) criticar o presidente
da Câmara em discurso no plenário, Moura pediu "respeito" a Cunha.
Irritado, Teixeira chamou o deputado do PSC de "puxa-saco" e
"lambe botas" do peemedebista.
Logo após a deflagração do impeachment, quando Dilma
alfinetou Cunha ao dizer que nunca fez "barganha" política, o peemedebista
acusou a presidente de mentir e disse que ela negociou com Moura um acordo no
qual a aprovação da CPMF seria moeda de troca no apoio do PT para evitar o
processo no Conselho de Ética.
Inicialmente, Moura disse que "assinava em baixo"
do que Cunha dizia, mas depois confirmou a versão do ministro Jacques Wagner
(Casa Civil), que negou encontro dele com Dilma.
FONTE: BBC DO BRASIL / Mariana Schreiber /(AFPImage
copyrightAFP)/ ABrImage copyrightABr/ Agencia CamaraImage copyrightAgencia
Camara.
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