JM JORNAL DO MUNICÍPIO - JM JORNAL DO MUNDO - MULTIMÍDIA

JM JORNAL DO MUNICÍPIO - SUPLEMENTO - JM JORNAL DO MUNDO: A INFORMAÇÃO EM TEMPO REAL: NOTÍCIAS, REPORTAGENS, ARTIGOS, LITERATURA, VÍDEOS, FOTOS, SOM&IMAGEM E MUITO MAIS! A NOTÍCIA INFORMANDO E FORMANDO OPINIÕES. CONTATOS: jmjornaldomunicipio@gmail.com

JM JORNAL DO MUNICÍPIO:

SUPLEMENTO JM JORNAL DO MUNDO- JORNAL MULTIMÍDIA EM TEMPO REAL

Ano 6 - Edição 2451-

- Março

2016 -

Fortaleza-Ceará-Brasil

quinta-feira, 24 de julho de 2014

"TUDO QUE É VIVO MORRE": ARIANO SUASSUNA NÃO MORREU, "ENCANTOU-SE"! Meu teatro procura se aproximar da parte do mundo que me foi dada.Um mundo de sol e de poeira, como o que conheci em minha infância, com atores ambulantes ou bonecos de mamulengo representando gente comum e, às vezes, representando atores, com cangaceiros, santos, poderosos, assassinos, ladrões, palhaços, prostitutas, juízes, avarentos, luxuriosos, medíocres, homens e mulheres de bem – enfim, um mundo de que não estejam ausentes – senão no teatro, que não é disso, mas na poesia ou na novela – nem mesmo os seres da vida mais humilde, as pastagens, o gado, as pedras, todo esse conjunto de que o sertão está povoado.”

“TUDO QUE É VIVO MORRE”: ARIANO SUASSUNA NÃO MORREU , "ENCANTOU-SE ", AOS 87 ANOS DE IDADE

Morreu quarta-feira, (23), aos 87 anos, de parada cardíaca, um dos maiores escritores brasileiros da atualidade e de todos os tempos. O Brasil perde o escritor e dramaturgo paraibano, Ariano Suassuna, que estava internado desde segunda-feira, (21), no Real Hospital Português do Recife, após sofrer um AVC.

Ele deu entrada no Real Hospital Português na noite de segunda-feira (21), quando recebeu diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e foi submetido a uma cirurgia. Estava internado em coma, e respirava com a ajuda de aparelhos.Segundo o boletim médico, Suassuna morreu às 17h15, depois de uma parada cardíaca.

 Sua obra mais conhecida, O Auto da Compadecida, falava poeticamente a definição da morte: "Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre".

Em 2013, Suassuna havia sofrido um infarto agudo do miocárdio, no dia 21 de agosto. Foi internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Português, no Recife, e recebeu alta no dia 27, mas dois dias depois teve um mal estar e voltou à unidade médica, onde ficou internado por mais uma semana. O tratamento do escritor continuou em casa, nos 30 dias que se seguiram.

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1990, nasceu em João Pessoa , Paraíba, em 16 de junho de 1927. Seu pai , João Suassuna foi assassinado no Rio de Janeiro, quando ele tinha 3 anos de idade por motivos políticos, pois era o então presidente (Governador) daquele estado.

Com sua morte, a família mudou-se para o interior do Ceará, onde Ariano estudou e assistiu pela primeira vez a uma peça de “teatro mamulengo” que viria influenciar sua futura obra , ( O Alto da Compadecida), e a um conserto de viola. O que mais o impressionou nesses espetáculos foi o fator ” improviso”, que mais tarde seria uma de suas marcas registradas nas peças teatrais por ele escritas e em sua obra.

Ariano sempre foi um amante da vida e chegava a dizer que se realmente fosse possível, “renasceria cem vezes”. Esse aspecto onipresente e eterno também marcou a vida do dramaturgo e sua vasta obra, ele que adorava escrever – como dizia em entrevistas - e que alheio aos meios modernos de digitação, escrevia à moda antiga, a mão , com caneta tinteiro.

João Guimarães Rosa e ( O grande Sertão, Veredas) e Euclides da Cunha ( Os Sertões)
Suassuna viajava o Brasil inteiro dando aulas sobre sua obra, usando a linguagem alegórica e coloquial nordestina, com sua terminologia própria ,com que bem desenhava seus personagens, - assim como o fez , outro grande escritor brasileiro criando e recriando tipos e histórias mineiras , tão brasileiras: João Guimarães Rosa.

As famosas aulas espetáculos de Suassuna, foram encontros disputadíssimos, em que ele relembrava fatos, e traçava o perfil da nossa atualidade, para ilustrar a literatura brasileira. Ariano Suassuna defendia com unhas e dentes a cultura nacional, com o rigor que lhe era peculiar.

Uma vez disse que “um pais que tem Os Sertões (Euclides da Cunha), pode ser dominado politicamente, pode ser aviltado, mas sempre estará a salvo”.

 Esse era o seu protesto contra o “lixo” cultural que invadia o pais vindo dos EUA. E era ousado ao dizer: “Sou velho mas tenho muita energia. Quem quiser duelar comigo, que venha preparado”.

Sua marca sempre f oi “traduzir em palavras e imagens seu universo tão particular, de onde saíram personagens e tramas surrealistas, como de um laboratório mágico, cuja força maior vinha sempre da criação.

Estreou na literatura em 1947, com Uma Mulher Vestida de Sol, mas foi o Auto da Compadecida, escrita em 1955, a obra que o lançou nacionalmente e o tornou conhecido. A peça nasceu da fusão de folhetos de cordel (3): “O Enterro do Cachorro, O Cavalo Que Defecava Dinheiro e O Castigo da Soberba”.

 A peça tem 16 personagens e sua linguagem, a pesar de estar calcada na cultura e linguagem nordestina, mostra influencias do teatro medieval, e do dramaturgo e poeta Pedro Calderón de La Barca, “obra teatral que significa o ponto culminante do modelo teatral barroco, criado nos finais do séc. XVI e começo do séc XVII por Lope de Veja”.

Assim Suassuna definia sua obra:

-Meu teatro procura se aproximar da parte do mundo que me foi dada.Um mundo de sol e de poeira, como o que conheci em minha infância, com atores ambulantes ou bonecos de mamulengo representando gente comum e, às vezes, representando atores, com cangaceiros, santos, poderosos, assassinos, ladrões, palhaços, prostitutas, juízes, avarentos, luxuriosos, medíocres, homens e mulheres de bem – enfim, um mundo de que não estejam ausentes – senão no teatro, que não é disso, mas na poesia ou na novela – nem mesmo os seres da vida mais humilde, as pastagens, o gado, as pedras, todo esse conjunto de que o sertão está povoado.”

Vida e obra

Ariano Suassuna ocupava a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras desde 3 de agosto de 1989 e exercia o cargo de secretário da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco. Nascido na cidade de Paraína, atual João Pessoa (PB), ele passou os primeiros anos de sua vida no sertão nordestino, na Fazenda Acauhan, e se mudou com a Família para Taperoá em 1933, após perder o pai, João Suassuna, morto por motivos políticos.

Na década de 1940, Ariano Suassuna passou a viver no Recife, cursou Direito e conheceu Hermílio Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Sua primeira peça foi Uma Mulher Vestida de Sol, de 1947. Se formou em 1950 e chegou a exercer a advocacia, mas nunca deixou de escrever teatro. Em 1955 fez o Auto da Compadecida, que o projetou para todo o país e ganhou versões para a televisão e o cinema.

Em 1956, Suassuna passou a ser professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco - atividade que exerceu até 1994, quando se aposentou. Três anos depois, fundou, também ao lado de Hermílio Borba Filho, o Teatro Popular do Nordeste.

Uma de suas maiores contribuições para a cultura brasileira foi a idealização do Movimento Armorial, que visa e desenvolver o conhecimento das formas de expressão populares tradicionais e, a partir delas, criar uma arte erudita. A Literatura de Cordel é tida como a bandeira do movimento.

Para o dramaturgo, os versos tradicionais nordestinos eram a manifestação artística mais completa da cultura popular brasileira. "No folheto (de cordel) se condensam três artes: a literatura, através da poesia narrativa que tem lá, uma arte plástica, porque a gravura da capa pode apontar um caminho pras artes plásticas do Brasil, e a música porque aquilo é cantado, e acompanhado normalmente por viola e rabeca", afirmava.
Ariano Suassuna participou em 2012 do quadro Papo Cabeça, do programa Almanaque Brasil, da TV Brasil. Relembre o que o escritor falou sobre o Almanaque Armorial e como ele se apaixonou pelos livros



“Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita com os elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras.

Dos seus textos narrativos, o considerado mais marcante foi “O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado em 1971”, inspirado por um episódio ocorrido no século 19, no interior de Pernambuco, o livro acompanha Quaderna, personagem que é preso na cidade de Taperoá por subversão”.

Ariano Suassuna a fez sua própria defesa diante do corregedor e, relata a história de sua família, escrita na prisão. Declara-se descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino – sem relação com os “imperadores estrangeiros e falsificados da Casa de Bragança” – e conta o seu envolvimento com as lutas e as desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino.

“Como definiu Carlos Drummond de Andrade, o livro é considerado um monumento literário à cultura caboclo-sertaneja nordestina, marcada pelas tradições do mundo ibérico”.

O velório de Ariano Suassuna para a visitação pública ocorreu na noite desta quarta-feira,(23), às 23 h . O enterro está previsto para quinta-feira, 24, às 16 h, no cemitério Morada da Paz, região metropolitana do Recife.
(FONTE: ESTADÃO, ECB, WIKPÉDIA, YOUTUBE; WEB). EDIÇÃO FINAL JM

Nenhum comentário:

Quem somos

JM JORNAL DO MUNICÍPIO - JM JORNAL DO MUNDO - Orgão Sócio-Cultural de Utilidade Pública em Defesa da Cidadania nos bairros e municípios brasileiros. Diretor–Editor–Responsável:José Mário Lima. Reg. Prof.12418 DRT-RIO. Secretário Geral – Gabriel Pontes.Designer Gráfico- Alice Farias Lima.Layout e Criação – Gabriel Pontes. Secretário de Edição: José Mário Lima.COLABORADORES: Colunistas :Celina Côrte Pinheiro,Nilmar Marques (Cap.Nil), Orion Lima, Santos Sá,Henrique Soares,Assis Brasil; JM Reportágens: (Equipe)Henrique Soares,Gabriel Pontes e Santos Sá; -JM Cultura:(Equipe)- Publicidade (JML) - Movimento Estudantil: Gabriel Pontes. JM Esportes: (equipe)- JM Literatura: Assis Brasil. Notícias dos Bairros: Henrique Soares,Amil Castro; Sociedade-artesanatos: Martha Lima.Culinária : Lili(Faraó-Cacoeiras-RJ). Correspondentes: Redenção: Nice Farias;Irauçuba: Swami Nitamo;Teresina e Parnaíba: Assis Brasil;Estado do Rio de Janeiro (interior): Nilmar Marques - Cachoeiras de Macacu: Paschoal Guida. Rio,(Capital): João de Deus Pinheiro Filho. *As opiniões emitidas em artigos assinados são da inteira responsabilidade de seus autores.