Militar
assume responsabilidade pela morte de Khadafi
O corpo de Khadafi será entregue a
seus familiares ainda hoje ou amanhã
O comandante das forças do governo interino da Líbia que
capturou Muamar Khadafi assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder na
última quinta-feira.
Em entrevista exclusiva à BBC, Omran el Oweib disse que o
coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado,
deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de
combatentes furiosos.
El Oweib afirmou que era impossível dizer quem deu o tiro
fatal no ex-líder líbio.O comandante disse ainda que tentou salvar a vida de Khadafi,
mas que ele morreu na ambulância a caminho do hospital, nos arredores de Sirte.
O porta-voz de relações exteriores do Conselho Nacional de
Transição (CNT), Ahmed Gebreels, disse à BBC que já chegou ao fim a autópsia no
corpo de Khadafi, que estava marcada para este sábado.Segundo e, o corpo do
coronel será entregue a seus familiares ainda esta noite ou no domingo.
Ataque de combatentes
O comandante Omran el Oweib, um engenheiro eletricista que
se tornou revolucionário, disse que alguns de seus subordinados queriam matar o
coronel Khadafi no momento de sua captura, mas ele pediu que não o fizessem.
"Eu tentei salvar a vida dele, mas não consegui. Não
consegui fazer nada por dele. Mesmo que ele fosse meu inimigo, eu queria
levá-lo vivo para Misrata, para julgá-lo."
Ele afirmou ainda que Khadafi já estava ferido quando foi
retirado do cano onde se escondia, mas que conseguiu dar alguns passos antes de
cair no chão e ser rodeado por combatentes.
Khadafi teria morrido
em decorrência dos ferimentos a caminho do hospital
O próprio El Oweib o teria colocado em uma ambulância em
direção ao hospital mais próximo.
"Nós tentamos entrar no hospital, mas estava muito
cheio de pessoas feridas. Eu decidi continuar em direção ao helicóptero do
hospital, mas o médico me disse que Khadafi já tinha morrido", disse o
comandante.
"Khadafi morreu na linha de frente. Eu sou responsável
por isso, eu sou o comandante."
Corpos
Filas com centenas de pessoas se formaram em Misrata, no
norte do país, para ver os corpos de Khadafi e seu filho, Mutassim, que estavam
sendo mantidos em um contêiner refrigerado durante os últimos dois dias, e já
começavam a se decompor.
O funeral vem sendo adiado, contrariando a tradição
muçulmana, aparentemente devido a desentendimentos entre as diversas facções
que derrubaram o regime sobre o que fazer com o corpo.
O correspondente da BBC em Misrata, Gabriel Gatehouse, que
visitou o contêiner, disse que Khadafi tinha diversos ferimentos no corpo e,
aparentemente, na cabeça.
De acordo com ele, o corpo é facilmente reconhecível como
sendo o de Khadafi. Na fila, pessoas dizem "Deus é grande" e cobrem o
rosto para se proteger contra o mau cheiro dos corpos.
A família
do coronel pediu que os corpos fossem liberados o mais rapidamente possível e,
assim como a ONU, defendeu uma investigação completa sobre as circunstâncias da
morte do ex-líder líbio.
Autoridades do governo interino haviam dito que pretendiam
realizar uma cerimônia fúnebre secreta, mas o funeral que, segundo a tradição
islâmica, tem de ocorrer o mais rápido possível, foi adiado em meio a
incertezas sobre o que fazer com o corpo e sobre onde enterrá-lo.
O governo americano pediu que o Conselho Nacional de Transição
(CNT) explique os acontecimentos de quinta-feira de "forma aberta e
transparente", enquanto a Rússia disse que a forma como o ex-líder morreu
"levanta uma série de questões".
'Libertação nacional'
O CNT anunciou que realizará uma cerimônia para declarar a
libertação formal da Líbia neste domingo. As primeiras eleições devem acontecer
até junho de 2012, segundo o premiê interino Mahmoud Jibril, que participa de
um encontro do Fórum Econômica Mundial, na Jordânia.
O governo interino garante que as
eleições líbias acontecerão em até oito meses
"O Congresso Nacional da Líbia tem duas funções: a
primeira é preparar uma constituição que será submetida a um referendo e a
segunda, formar um governo interino que deverá durar até que as primeiras
eleições presidenciais sejam realizadas."
Ao mesmo tempo, a Otan – que age na Líbia com anuência de um
mandado da ONU – se prepara para concluir suas operações militares no país
norte-africano.
O secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, disse
que em princípio a ofensiva será mantida até 31 de outubro, e que a Otan vai
garantir que "não haja ataques contra civis durante o período de
transição".BBC DO BRASIL
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