RAFAEL CORREA,
PRESIDENTE DO EQUADOR CHAMA DE CRIME A MORTE DE KADHAFI
QUITO - O presidente do Equador, Rafael Correa,(foto) chamou no sábado, (22), de "crime" a morte do líder líbio Muamar Kadhafi e criticou a
intervenção estrangeira na Líbia.
"É um crime", disse o mandatário socialista em seu
relatório semanal de atividades ao se referir à captura seguida de morte de
Kadhafi na quinta-feira, em Sirte, sua cidade natal.
Correa afirmou que os rebeldes "capturaram vivos” o
ex-ditador líbio e o executaram de maneira "sumária".
"É um crime que tenham assassinado três netos de
Kadhafi, de um e dois anos de idade. É um crime e isso terá que ser
investigado", acrescentou.
"Não é que defendamos o regime de Kadhafi, defendemos a
soberania dos países, a não-intervenção", disse, perguntando depois:
"Quando intervieram contra (o ditador chileno Augusto) Pinochet" e
contra os governos militares de Argentina e Uruguai?"
Kadhafi "foi capturado vivo e o executam, e há pessoas
que comemoram isso. E mataram seus filhos, seus netos. Em que mundo estamos,
companheiros?", disse o mandatário.
"Se o Pinochet tivesse
morrido, eu estaria dizendo exatamente o mesmo, porque não é Pinochet ou Kadhafi, são os direitos humanos de todo o
ser humano, por sua dignidade intrínseca, independentemente dos crimes que
tenha cometido", assegurou.
FESTAS , PROTESTOS E VIOLÊNCIA NO ORIENTE MÉDIO COM MORTE DE
KADHAFI
A morte do ditador
líbio Muamar Kadhafi ninspirou manifestantes a tomarem as ruas do Iêmen. O país
do Oriente Médio vive uma onda de protestos contra o governo do presidente Ali
Abdullah Saleh, no poder desde 1990.
Críticos do governo comandaram passeatas em ao menos 17
províncias e na capital Sanaa, conforme reportou a rede CNN. Muitos carregavam
a bandeira dos revolucionários da Líbia e cantavam enquanto comparavam o
presidente iemenita ao ditador capturado e morto nesta quinta-feira (20).
O Iêmen vive dias de agitação política desde o início do
ano, quando protestos no Egito deram início ao que vem sendo chamado de
Primavera Árabe. A morte de Kadhafi, porém, insuflou forças anti-governistas em
vários países da região.
Na Síria, os rebeldes líbios foram celebrados pelos
movimentos que buscam depor o presidente Bashar Al-Assad, que governa desde
2000. Nesta sexta, agências internacionais reportaram a morte de ao menos 18
manifestantes sírios que entraram em confronto com forças de Assad enquanto
comemoravam a morte de Kadhafi.
PISTAS SOBRE A MORTE
DE KADHAFI SÃO ESCONDIDAS DO PÚBLICO E DA IMPRENSA
Os soldados líbios que estão vigiando o corpo de Muammar
Gaddafi numa câmara fria, estão deixando o púbico entrar para ver o líder
deposto, pelo segundo dia seguido, no sábado, mas as feridas que podem dar a
resposta de como ele morreu, estão cobertas.
O corpo de Gaddafi jazia em um colchão no chão da sala fria,
como estava na sexta-feira, quando centenas de pessoas fizeram fila para
conferir pessoalmente, que o homem que governou a Líbia durante 42 anos, estava
morto.
Mas, ao contrário da véspera, o corpo de Gaddafi estava
coberto por um lençol, deixando apenas a cabeça exposta, escondendo as feridas no
seu torso e as marcas de arranhões no peito, que podiam ser vistas antes.
E, principalmente, um repórter da Reuters que viu o corpo
disse que a cabeça de Gaddafi havia sido virada para a esquerda. Isso significa
que o buraco de bala que podia ser visto anteriormente, no lado esquerdo do seu
rosto, perto da orelha, não podia mais ser visto.
Guardas que vigiavam o corpo de Gaddafi estavam distribuindo
máscaras cirúrgicas verdes para as dezenas de pessoas que entravam para ver o
corpo, por causa do cheiro de carne podre que havia na sala.
BURACO DE BALA
O buraco de bala na cabeça de Gaddafi e os outros
ferimentos, poderiam ajudar a desvendar o enigma para saber se, como os novos
governantes da Líbia disseram, ele foi baleado durante o tiroteio do confronto
ou como dizem alguns relatos, se ele foi morto pelos combatentes que o
capturaram.
Um comandante militar da cidade de Misrata, para onde as
forças que capturaram Gaddafi, levaram seu corpo, disse que combatentes
"muito empolgados" decidiram fazer justiça com as próprias mãos,
quando ficaram frente a frente com o homem que eles tanto desprezavam.
"Queríamos mantê-lo vivo, as coisas fugiram ao nosso
controle, por causa dos mais jovens," disse ele, pedindo para permanecer
anônimo.
Poucas pessoas na Líbia - onde milhares de pessoas,
incluindo civis foram mortos pelas forças de Kadhafi durante a rebelião que
durou sete meses - dizem que estão preocupadas pelo modo como ele morreu.
Mas, se ele foi realmente morto pelos seus captores, isso
vai lançar dúvidas sobre as promessas dos novos líderes do país, de respeitar
os direitos humanos e evitar represálias. Isso também deixará constrangidos os
governantes do Ocidente, que deram apoio incondicional ao NTC.
A PEÇA QUE FALTA NOS ÚLTIMOS MOMENTOS DRAMÁTICOS DE KADHAFI
Os minutos dramáticos que levaram à morte da Gaddafi foram
caóticos, violentos e terríveis - como podem ser visto nas imagens granuladas,
feitas por celular e vistas pelo mundo todo, do ex-líder confuso e
ensanguentado, sendo arrastado por combatentes do NTC.
O que não foi mostrado nas imagens, e está faltando nos
relatos sobre os acontecimentos, dados pelos combatentes presentes na hora, é
como ele morreu e quem o matou.
Kadhafi ainda estava vivo quando foi capturado, escondido em
um bueiro, do lado de fora da sua cidade natal, Sirte, mas ele já estava
sangrando no lateral do rosto e tinha uma ferida perto da sua orelha esquerda,
pouco depois de ter sido capturado.
Combatentes do governo colocaram Kadhafi no capô de uma
picape Toyota, com a intenção, segundo um deles, de atravessar a multidão de
companheiros combatentes e levá-lo até uma ambulância estacionada a cerca de
500 metros de distância.
"DEUS PROÍBE ISSO" PODE SER OUVIDO NO VÍDEO, COM A VOZ DE KADHAFI
"Isso é por Misrata, seu cachorro," disse um
homem, batendo nele.
"Você sabe a diferença entre o certo e o errado?"
pergunta Gaddafi.
"Cale a boca, seu cachorro," diz alguém, enquanto
seguem batendo nele.
Misrata, um dos redutos da rebelião anti-KGadhafi sofreu com
meses de cerco e bombardeios nas mãos das forças leais a Kadhafi.
Outro vídeo mostra Kadhafi sendo retirado de cima do capô e
arrastado para um carro, e depois sendo puxado pelos cabelos. "Deixem-no
vivo! Deixem-no vivo!" podemos ouvir alguém gritar.
Mas outro homem na multidão dá um grito histérico. Logo em
seguida, Kadhafi não é mais visto e ouvem-se tiros. Um dos combatentes
presentes, disse que Kadhafi estava mal, porém vivo, quando foi colocado na
ambulância.
Entretanto, o motorista da ambulância, Ali Jaghdoun, disse
que Kadhafi já estava morto, quando ele o pegou e levou o corpo para a cidade
de Misrata. "Não tentei reanimá-lo, porque ele já estava morto,"
disse Jagdoun.
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