Hillary disse que,
apesar de entender o alívio do povo líbio, ninguém quer ver um ser humano
nestas condições, referindo-se às imagens que mostram Khadafi com forte
sangramento e pedindo por sua vida.
O líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia,
Mustafa Abdel Jalil, disse no domingo que a sharia (lei islâmica) deve ser a
base para o novo governo da Líbia.
LEI ISLÂMICA SERÁ A BASE
DO NOVO GOVERNO DA LÍBIA, DIZ
LÍDER DO CONSELHO NACIONAL
DE TRANSIÇÃO (CNT)
"Qualquer lei que contradiga a sharia islâmica é nula e
vazia, legalmente falando", disse Jalil, durante a cerimônia em que o
governo interino declarou oficialmente a libertação do país.
A cerimônia aconteceu em Benghazi, berço da revolta contra o
regime ex-líder Muamar Khadafi, diante de milhares de pessoas.
Khadafi foi morto na última quinta-feira, depois de ser
capturado pelas forças do CNT, apoiadas pela Otan, em sua cidade natal, Sirte.
No entanto, o governo interino sofre pressão para dar início
a uma investigação sobre o momento da morte do ex-líder líbio.
Na sexta-feira,(21), a secretária de Estado americana, Hillary
Clinton, reforçou o pedido de inquérito sobre as circunstâncias em que Khadafi
foi morto.
Hillary disse que,
apesar de entender o alívio do povo líbio, ninguém quer ver um ser humano
nestas condições, referindo-se às imagens que mostram Khadafi com forte
sangramento e pedindo por sua vida.
Durante a cerimônia, o vice-diretor do CNT, Abdel Hafiz
Ghoga anunciou que a Líbia havia sido libertada, dizendo: "Declaração de
liberação. Levante sua cabeça. Você é um líbio livre".
Em seguida, milhares de vozes repetiram a frase "Você é
um líbio livre" em uníssono.
O líder do CNT, Abdel Jalil ajoelhou-se para agradecer a
Deus pela vitória diante da multidão e pediu por perdão, reconciliação e
unidade no país.
"Hoje nós somos uma só carne nacional. Nos tornamos
irmãos unidos como não éramos no passado", disse.
Ele agradeceu a todos os que fizeram parte da revolução,
incluindo os jornalistas que a apoiaram, e desejou sorte aos manifestantes
anti-governo na Síria e no Iêmen.
Ele disse ainda que rejeitaria quaisquer leis que vão contra
os princípios da lei islâmica, citando como exemplo a lei sobre poligamia que é
vigente no país.
"Um exemplo é a lei de casamento e divórcio, que
restringe a possibilidade de ter múltiplas esposas. Essa lei vai contra a
sharia islâmica e será rejeitada."
Jalil foi aplaudido pela multidão ao mencionar a lei e disse
ainda que o governo reformaria o sistema bancário, que também deve estar em
conformidade com a sharia.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, comemorou
a declaração de liberdade e pediu "uma nova Líbia inclusiva, baseada na
reconciliação e no total respeito pelos direitos humanos e pela lei".
Ele afirmou também que a Otan manteria sua "capacidade
de responder às necessidades dos civis, se necessário".
Horas antes, o primeiro-ministro interino da Líbia, Mahmoud
Jibril, disse que eleições parlamentares devem acontecer até junho de 2012.
Segundo ele, os parlamentares eleitos deverão elaborar uma
constituição que será votada em um referendo popular e formarão um governo
interino até as eleições presidenciais.
RESPONSABILIDADE
Ainda não há informações confirmadas sobre o paradeiro de
Saif al-Islam, considerado possível sucessor de Khadafi, e do temido chefe de
segurança do coronel.
Enquanto isso, o corpo de Khadafi e de seu filho Mutassim,
também morto na quinta-feira, foram levados para um contêiner refrigerado em
Misrata e exibidos à população, que formou longas filas do lado de fora.
Segundo fontes médicas, uma autópsia foi realizada domingo,(23), concluindo que Khadafi morreu
com um tiro na cabeça.
Os corpo devem agora ser entregues a integrantes de sua
tribo para serem enterrados, segundo o porta-voz do CNT, Mustafa Goubrani.
]No sábado, o comandante das forças que capturaram Khadafi
assumiu a responsabilidade pela morte do ex-líder.
Em entrevista exclusiva à BBC, Omran el Oweib disse que o
coronel foi arrastado para fora do cano de drenagem onde ele foi encontrado,
deu cerca de dez passos e caiu no chão ao ser atacado por um grupo de
combatentes furiosos.
O premiê interino, Mahmoud Jibril, disse à BBC que queria
que Khadafi não tivesse sido morto.
Ele também afirmou ser a favor de de uma investigação
completa sobre as circunstâncias da morte do coronel, como defende a ONU. Muamar
Khadafi, que chegou ao poder após um golpe em 1969, foi derrubado em agosto,
após meses de combates. BBC DO BRASIL
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