CIENTISTA
ISRAELENSE UZI EVEN: ISRAEL DEVERIA ABRIR INSTALAÇÃO NUCLEAR PARA FREAR IRÃ
“O Governo de Israel não comenta a existência do reator
nuclear em Dimona, no sul do país . Israel deve contribuir com os esforços para
impedir que o Irã obtenha armamentos atômicos abrindo a instalação nuclear de
Dimona à inspeção internacional,” disse à BBC Brasil o cientista Uzi Even, que
participou da construção do reator nuclear de Dimona.
Na opinião do físico nuclear israelense, o relatório
publicado pela Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) na última terça
feira demonstra que o Irã está prestes a produzir armamentos nucleares e a
comunidade internacional não deveria poupar esforços para convencer o país a
interromper seu avanço nessa direção.
Segundo o cientista, Israel deveria contribuir com esses
esforços abandonando a politica de ambiguidade em relação a seu próprio programa
nuclear.
O governo não confirma nem nega possuir armas atômicas. O
país não tem um programa declarado de produção de energia nuclear e não comenta
a existência do reator de Dimona, conhecido oficialmente como
Centro de
Pesquisas Nucleares.
Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação
Nuclear, ratificado por 189 países (entre eles o Irã).
Os signatários do
tratado se comprometem a não desenvolver ou comprar armas atômicas e a se
submeterem a inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da
ONU, caso tenham um programa nuclear para fins pacíficos.
Saída honrosa
"Israel deveria abrir a instalação nuclear de Dimona à
inspeção internacional", disse Uzi Even à BBC Brasil.
Para Even, que nos anos 1960 trabalhou na construção do reator
nuclear de Dimona, a abertura do local poderia oferecer uma "saída
honrosa" para o Irã.
"O Irã poderia apresentar a abertura de Dimona como uma
grande vitória e aproveitar essa oportunidade para abandonar seus planos de
produzir armamentos nucleares", explicou.
"Abrir Dimona seria uma contribuição por parte de
Israel nos esforços para frear o Irã, sem perder seu poder de dissuasão"
Uzi Even, professor do departamento de Química da
Universidade de Tel Aviv, vem alertando há mais de dez anos para o "estado
precário e perigoso" da instalação nuclear de Israel na cidade de Dimona,
no sul do país.
Depois do vazamento radiativo dos reatores nucleares no
Japão, em decorrência do terremoto ocorrido em março, Even advertiu que um
acidente "semelhante ou pior" poderia ocorrer em Dimona.
"Dimona é um dos reatores nucleares mais velhos do
mundo, tem mais de 50 anos, e por razões de segurança deve ser fechado",
afirmou.
Para ele, a abertura de Dimona à inspeção internacional
poderia causar o fechamento da instalação.
"Abrir Dimona seria uma contribuição por parte de
Israel nos esforços para frear o Irã, sem perder seu poder de dissuasão",
acrescentou.
Rumores
Nas últimas semanas
aumentaram rumores sobre plano de Netanyahu e Barak de atacar o IrãEm Israel
vem se intensificando nas últimas semanas os rumores e especulações sobre um
suposto plano do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e do ministro da
Defesa, Ehud Barak, para atacar o Irã, cujo governo ameaça destruir Israel.
Os rumores, divulgados pela mídia local, deram início a um
debate público sobre um eventual ataque de Israel ao Irã para impedir que o
país obtenha armamentos nucleares.
De acordo com uma pesquisa de opinião, 41% dos israelenses
apoiam a ideia do ataque e 39% são contra.
Entre os analistas militares, alguns consideram a ideia uma
"loucura" e outros a consideram "razoável".
Segundo Uzi Even, o relatório da AIEA demonstra que "já
é tarde demais para uma operação militar".
Clique Leia mais: Agência da ONU eleva tom de suspeita
contra programa nuclear do Irã.
"Os iranianos têm a intenção, o conhecimento e os
materiais para produzir uma bomba nuclear, e nessas circunstâncias um ataque já
não poderia impedi-los de produzi-la", disse.
Segundo a avaliação de Even, o Irã já teria investido pelo
menos US$ 10 bilhões em seu programa nuclear e milhares de funcionários já
estariam envolvidos no projeto.
Na opinião dele, para frear o projeto seria necessário
"convencer os iranianos de que, se continuassem, teriam que pagar um preço
alto demais", por meio de sanções econômicas.
No entanto, o especialista em Irã da rádio estatal
israelense, Menashe Amir, afirmou que o regime atual do Irã "jamais abrirá
mão de seu projeto nuclear" e que as sanções econômicas não levarão à
interrupção do projeto.
Para Amir, a única maneira de interromper a corrida do Irã
em direção às armas nucleares seria por uma mudança de regime no país.BBC DO BRASIL
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