PRESENÇA DE ALGUNS
LIDERES MUNDIAIS A MARCHA DE PARIS CRITICADOS POR SEREM CONTRÁRIOS
A LIBERDADE
DE EXPRESSÃO
A presença de alguns líderes mundiais na grande
marcha realizada em Paris no domingo (11) foi duramente criticada nas redes
sociais. De acordo com o jornal francês Le Monde, no entanto, alguns dos nomes
que participaram do evento já se mostraram contrários à liberdade de expressão
e de imprensa.
De acordo com estimativas da polícia, mais de 1
milhão de pessoas tomaram as ruas do centro da capital francesa para protestar
contra o terror e defender a liberdade de expressão. Elas caminharam por três
quilômetros sob forte esquema de segurança.
A certa altura da passeata, cerca de 40 líderes
mundiais, além de políticos franceses, deram os braços e caminharam junto à
multidão.
Entre as personalidades polêmicas presentes na
marcha estavam o premiê turco, Ahmed Davutoglu, o chanceler russo, Sergei
Lavrov, o presidente do Gabão, Ali Bongo, o rei e a rainha da Jordânia,
Abdullah 2º e Rania, o premiê húngaro, Viktor Orban, o ministro de Relações
Exteriores egípcio, Sameh Choukryou e Naftali Bennett, ministro israelense da
economia que se já vangloriou de ter matado “vários árabes”.
Em sua conta no Twitter, a jornalista do Le Monde Marion
Van Renterghem ironizou a presença de alguns líderes mundiais.
"Netanyahu, Lavrov, Orban, Davutoglu, Bongo na
manifestação pela liberdade de imprensa!!! Por que não Bashar al-Assad?
#Mascarade (#BailedeMáscaras) #PauvreCharlie (#PobreCharlie, em alusão à
revista satírica Charlie Hebdo, alvo de ataque no qual morreram 12 pessoas na
quarta-feira)".
Na mesma rede social, o sociólogo francês Éric
Fassin também criticou a participação de líderes de países conhecidos pela
falta de liberdade de expressão.
"Viktor Orban e M. Rajoy (Mariano Rajoy,
premiê espanhol) vieram defender a liberdade de expressão com Ali Bongo e
Erdogan (presidente turco)".
Países como Turquia e Rússia ocupam as últimas
posições do ranking mundial de liberdade de imprensa, compilado pela ONG
Repórteres sem Fronteiras (RSF). Em 2014, dos 180 países analisados, a Turquia
ficou com o 154º lugar entre os países com maior liberdade de imprensa, e a
Rússia, na 148º posição, lembra o Le Monde.
Censura
Na Turquia, o presidente Erdogan deu sinal verde à
prisão de vários jornalistas opositores. O editor-chefe de um principais
jornais do país, Zaman, foi um dos que foram interrogados pela polícia.
Já na Hungria, Viktor Orban, presidente do partido
ultraconservador Fidesz, foi criticado pelos ataques constantes à imprensa.
Em 2010, o premiê húngaro sancionou uma lei que dá
ao governo controle sobre as informações divulgadas pela imprensa. Criticado
por toda a Europa, ele fez emendas à lei, mas o Conselho Europeu considerou as
medidas insuficientes.
Outro nome polêmico foi o do ministro da economia
de Israel, Naftali Bennett, que participou da comitiva do premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, e é chefe do partido ultranacionalista Bait Yehudi.
Em 2013, ele ganhou as manchetes mundiais ao
declarar que "matei muitos árabes na minha vida. E não há problema nenhum
nisso".
Na Jordânia, cujo rei e rainha do país também
participaram da marcha, jornalistas dissidentes vêm sendo presos. Em junho, as
autoridades do país prenderam jornalistas e fecharam o canal de oposição
iraquiana sediado na capital Amã. Na ocasião, o premiê iraquiano, Nouri
al-Maliki, criticou a medida.
No Gabão, governado por mão de ferro por Ali Bongo,
duas revistas de oposição anunciaram em setembro o fechamento temporário da
publicação após um ataque cibernético que eles dizem ter sido promovido pelo
governo.
Em janeiro, um jornalista investigativo do país
afirmou ter sido sequestrado e ameaçado por um membro do governo em seu
escritório, após a publicação de um artigo denunciando rituais criminosos
perpetrados no país, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras.
Na Rússia, a liberdade de imprensa é oficialmente
reconhecida pela Constituição, lembra o Monde, mas episódios recentes parecem
mostrar que jornalistas e veículos de imprensa não gozam de independência.
Em dezembro do ano passado, o ativista e blogueiro
Alexei Nalvany foi condenado a 3,5 anos de prisão por críticas ao governo de
Vladimir Putin.
Já no Egito, três jornalistas da rede de TV árabe
Al-Jazeera estão presos há um ano. Eles foram condenados em junho de 2014 a penas
de sete a dez anos de prisão depois de terem sido acusados de apoiar a Irmandade
Muçulmana. Outros 11 jornalistas foram condenados in absentia em um processo
descrito como uma “farsa” por organização de defesa dos direitos humanos. BBC
DO BRASIL
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