MORTE
DE ALFONSO CANO, NÃO ACABARÁ COM O GRUPO TERRORISTA, DIZEM ESPECIALISTAS
Especialistas afirmam que a morte do chefe das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia), Guillermo León Sáenz Vargas, conhecido
como Alfonso Cano, coloca fim a uma era, mas não encerra as atividades do grupo
guerrilheiro.
Rogelio Núñez, professor da Universidad Camilo José Cela, de
Madri, disse ao portal Infolatam que o maior risco, no momento, é que a
guerrilha entre em um processo de terrorismo urbano, o qual dificultaria
"um acordo único e geral de desmobilização".
O especialista destacou que o próprio presidente colombiano,
Juan Manuel Santos, advertiu que o governo não deve ser "triunfalista, mas
sim, perseverar e insistir até conquistar um país em paz em que todos possam
trabalhar por um futuro melhor".
Núñez ainda recordou que o próximo líder do grupo será o
terceiro escolhido no período de três anos e que, diferentemente de 2008,
quando Cano assumiu o poder, não há nenhuma figura mítica nas Farc.
"Cano e Mono Jojoy eram os sucessores óbvios de Manuel
Marulanda ,líder morto do grupo, após o desaparecimento em 2008 de Raúl Reyes.
Já não estão [vivos] mais nenhum deles" concluiu o acadêmico.
A morte do líder máximo das Farc foi anunciada na madrugada,
após uma operação militar do Exército colombiano que mobilizou cerca de mil
homens. Santos declarou que esta morte põe fim a um ciclo de terror e pediu que
os guerrilheiros se entregassem às autoridades.
"Este golpe é uma
confirmação do que dissemos tantas vezes: o crime não compensa, a violência não
é o caminho" disse.
Alfonso Cano foi morto no departamento de Cauca, onde houve
um bombardeio seguido de um enfrentamento entre os oficiais e os guerrilheiros,
disse o ministro de Defesa da Colômbia, Juan Carlos Pinzón.
Segundo o ministro, outros quatro membros do grupo ilegal
teriam sido capturados, entre eles o chefe de segurança de Cano que era
conhecido como "El Índio Efraín".
Em 23 de setembro de 2010, Jorge Briceño, conhecido como
"Mono Jojoy", o segundo na linha de comando das Farc, atrás somente
de Cano, foi morto após um bombardeio militar realizado no sul do país.
PRESIDENTE DA
COLÔMBIA PROPÕE DIÁLOGO AS FARC
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reiterou que
está aberto a um diálogo com a guerrilha das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, marxistas), à qual convidou para baixar as armas
em discurso feito este sábado, depois de o Exército matar, na véspera, seu
líder máximo, Alfonso Cano.
"Sempre disse que o diálogo não está encerrado, que a
porta ao diálogo não está fechada com chave, mas insisto em que precisamos de
sinais muito claros, que o terrorismo acabe’, afirmou Santos em Popayán
(sudoeste), onde saudou as tropas que participaram da operação em que Cano foi
morto.
"Politicamente estão derrotados, mais de 95% da
população os rejeita e militarmente também estão cada vez mais enfraquecidos.
Desmobilizem-se, baixem as armas’, convidou o presidente, dirigindo-se aos
guerrilheiros.
Para Santos, a morte de Cano, que ocupava o comando máximo
das Farc desde 2008, foi o golpe ‘mais contundente’ sofrido pela guerrilha,
devido à importância que ele tinha ‘frente ao resto do secretariado’ (comando
geral), a cúpula de sete membros do movimento.
"Muitos analistas diziam que Cano era insubstituível
pela ascendência’ que tinha na guerilha. ‘Daí a importância desse golpe’,
afirmou o presidente.
"O que sabemos é que aquele que o substituir não vai
ter essa capacidade de comando e controle sobre as Farc’, acrescentou.
No discurso, Santos lembrou dos reféns que estão em poder
das Farc, 18 dos quais são policiais e militares.
"Não os esquecemos e faremos tudo o que estiver ao
nosso alcance para a sua libertação’, afirmou. Segundo Santos, a operação
militar contra Cano foi planejada durante quase um ano e se apoiou em
trabalho de inteligência.
Além disso, o presidente comemorou que a operação não tenha
produzido nenhuma baixa entre os militares. "Foi uma operação de grande
risco e, por sorte, todos voltaram sãos e salvos’, disse.
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