VALCKE SABATINADO NO
CONGRESSO DIZ QUE É PRECISO
CONGRESSO DIZ QUE É PRECISO
GARANTIR O DESLOCAMENTO
DE 500 MIL TURISTAS
QUE VÊM AO BRASIL VER A COPA
A Lei Geral da Copa, o conjunto de compromissos que o governo brasileiro
firmou para garantir o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, passou por
mais uma rodada de discussões, com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke,.
O secretário geral da Fifa voltou a cobrar na terça-feira(8), das
autoridades brasileiras mais agilidade na condução de obras prioritárias para o
campeonato. Na Câmara dos Deputados, classificou de "pesadelo" a
dificuldade de se encarar o trânsito caótico de São Paulo.
Valcke estimou em cerca de R$ 1,5 mil o ingresso mais caro para o
Mundial e relembrou que "não é bom" ter greves trabalhistas nos estádios.
Confrontado com deputados que historicamente questionam a Fifa e suas suspeitas
de irregularidades, Valcke ficou na defensiva.
Ao ser pressionado pelo deputado
Romário (PSB-RJ) a se explicar sobre a polêmica troca irregular da Mastercard
pela Visa como patrocinador do Mundial, pois foi o então diretor de marketing
da entidade, Jérôme Valcke , o responsável por impor à Fifa uma condenação
judicial de US$ 90 milhões (cerca de R$ 156,6 milhões) pelo caso.
Ricardo Teixeira
e Valcke foram questionados em audiência do Congresso:
"Existem jogadores de futebol brasileiros por todo o mundo. Alguns
deles continuam artilheiros quando são deputados e esses gostam de chutar a
bola. Tudo bem, é justo, em uma democracia”, argumentou Valcke.
-Em uma democracia você tem direito de perguntar o que quiser, e tenho o
direito em uma democracia de não responder a pergunta se eu não quiser, disse o
secretário-geral após ter enfrentado, ao lado do aliado Ricardo Teixeira,
presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), uma sabatina de quase
três horas em Brasília.
ISSO É UM CIRCO
"Isso é um circo", afirmou Romário por não ter conseguido as
explicações sobre fraudes na Fifa, nem de Valcke nem de Teixeira. Ambos foram
questionados, diretamente se teriam recebido propina para garantir à empresa de
marketing ISL (International Sport and Leisure), vinculada à autoridade máxima
do futebol, a lucrativa comercialização de direitos de transmissão da Copa do
Mundo nos anos 90.
Sem cálculos definitivos, Valcke limitou-se a pontos práticos do
Mundial. Disse aos parlamentares ser a favor de uma ala específica nas
torcidas, denominada de categoria 4, para ingressos mais populares, na casa dos
US$ 25 (R$ 43).
Nessa categoria, o governo
brasileiro poderia, segundo ele, abrigar idosos, que por lei nacional têm
direito à meia entrada, e outros grupos de interesse das autoridades nacionais,
como estudantes, carentes ou indígenas. Os lugares mais privilegiados nas
arenas, estimou ele, os torcedores precisariam desembolsar US$ 900, ou R$ 1574,
para assistir a uma partida.
-É verdade que a Fifa não gosta dessa meia entrada, disse. Ao invés de
haver diferentes grupos com acesso a meia entrada, propus à presidente Dilma
Rousseff que coloquemos uma categoria 4, que será diferente, que será reservada
apenas para os brasileiros. Nessa categoria trabalharemos como quiserem e vamos
ver como assegurar acesso a estudante nessa categoria 4, explicou ele.
O VALOR DOS ESTÁDIOS
Confrontado com valores para a construção de estádios, o
secretário-geral da Fifa disse que uma campo de futebol não precisa ter "obras de arte" ou
custos supérfluos e declarou que um dos maiores problemas das autoridades
brasileiras, não são os locais dos jogos, e sim como viabilizar condições para
que profissionais e torcedores possam se locomover tranquilamente pelas 12
cidades-sede.
"O Brasil, definitivamente, não está adiantado. O problema não são
os estádios. Nós sabemos que vai haver estádios ao final. Haverá estádios
incompletos para a Copa das Confederações, mas teremos o número necessário de
estádios para organizar a Copa do Mundo. O que é preciso garantir é que esses 500
mil turistas que vêm ao Brasil para aproveitar a Copa do Mundo tenham condições
de se deslocar pelo País", disse.
No Congresso Nacional, ele defendeu os patrocinadores da Fifa e voltou a
se manifestar em favor da liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios
durante a Copa do Mundo de 2014. Diante dos parlamentares, chegou a desafiar
que se prove que a comercialização de cerveja nas arenas aumente os índices de
violência entre torcedores nas partidas e disse que a venda de álcool nos
estádios não significa que a "Fifa está aqui para embebedar as
pessoas".
"É verdade que limitar o álcool reduz muito a violência, mas na
África do Sul, na Alemanha, a venda de cerveja em condições controladas nunca
provocou nenhum tipo de violência ou guerra nos estádios. Temos esse acordo,
seja com nosso patrocinador Budweiser ou diferentes organizações, que pode
haver venda de álcool controlada nos estádios.
Quer dizer que controlamos como
ela pode ser distribuída. Não pode ser distribuída, por exemplo, em garrafas para
que não possa ser utilizada como arma contra torcedores ou jogadores",
explicou.
Após a rodada de discussões com os deputados, Jérôme Valcke foi recebido
com feijoada e caipirinha na residência oficial do presidente da Câmara, Marco
Maia (PT-RS).
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